O trigo do Rio Grande do Sul está dominando o mercado internacional, impulsionado pela valorização do dólar frente ao real. Segundo Elcio Bento, analista da Safras & Mercado, o estado já exportou cerca de 1,5 milhão de toneladas nesta safra, divididas entre 720 mil toneladas de feed wheat e 735 mil toneladas de milling. O cenário reflete a apatia dos moinhos locais, que compraram menos de 300 mil toneladas até agora.
A procura internacional por trigo brasileiro, aliada à baixa demanda doméstica por farinha, está deixando o mercado gaúcho mais enxuto, o que pode forçar importações na entressafra. “A saída acima da estimada de trigo padrão para farinha pode esvaziar o mercado interno. Isso obrigará os moinhos locais a retomarem compras ou a recorrerem ao trigo importado”, explica Bento. Atualmente, os preços indicados pelas tradings giram em torno de R$ 1.390/tonelada no porto para janeiro e R$ 1.405/tonelada para fevereiro, superando o interesse de compra interno.
Enquanto isso, o Paraná enfrenta um declínio significativo na produção. De acordo com o Deral, a safra 2024 de trigo do estado deve alcançar 2,363 milhões de toneladas, uma redução de 35% em comparação à temporada anterior. A área cultivada caiu 18%, acompanhada por uma queda na produtividade média para 2.087 quilos por hectare.
No cenário internacional, a Argentina colheu 76,1% de sua área de trigo, com uma produção estimada em 18,6 milhões de toneladas. O ritmo de colheita avançou 12,2 pontos percentuais em uma semana, com a área plantada em expansão em relação ao ciclo anterior. O quadro regional e global coloca o trigo brasileiro como peça-chave nas exportações, mas expõe os desafios de equilíbrio entre demanda externa e abastecimento interno.