O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou na terça-feira (10) seu relatório mensal de oferta e demanda, trazendo cortes significativos nos estoques finais de milho nos EUA, enquanto os números da soja permaneceram inalterados. A revisão provocou reações imediatas no mercado internacional e nacional, com altas nos preços dos contratos futuros e impactos na comercialização brasileira.
Nos Estados Unidos, os estoques finais de milho foram reduzidos de 49,23 para 44,15 milhões de toneladas, abaixo das expectativas do mercado. O aumento no uso do cereal para etanol, de 138,44 para 139,71 milhões de toneladas, e nas exportações, agora estimadas em 62,87 milhões de toneladas, contribuíram para o ajuste.
Globalmente, a produção foi revisada para 1,217 bilhão de toneladas, frente aos 1,219 bilhões estimados em novembro. Os estoques finais mundiais também recuaram, de 304,4 para 296,44 milhões de toneladas.
No Brasil, a estimativa de produção de milho foi mantida em 127 milhões de toneladas. Apesar disso, as exportações brasileiras de dezembro foram ajustadas para baixo pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), com uma redução de 6,4 para 3,9 milhões de toneladas, representando uma queda de 39%.
Os preços do milho já refletem a menor oferta global. Na Bolsa de Chicago, o contrato de dezembro de 2024 registrou alta de 1,89%, alcançando US$ 4,31 por bushel. Na B3, a valorização foi de 3,21%, com o contrato de janeiro de 2025 encerrando em R$ 73,95 por saca.
Para a soja, os estoques finais dos Estados Unidos permaneceram em 12,79 milhões de toneladas, alinhados com as expectativas do mercado. Globalmente, a produção foi revisada para 427,14 milhões de toneladas, ligeiramente acima dos 425,4 milhões projetados anteriormente, enquanto os estoques subiram para 131,87 milhões de toneladas. A estimativa de importação da China foi mantida em 109 milhões de toneladas.
A menor oferta global de milho e a valorização do grão no mercado internacional fortalecem a posição brasileira. Especialistas apontam que fatores como a possível aprovação do acordo Mercosul-União Europeia, que reduziria tarifas de importação para produtos agropecuários, e a retomada do transporte hidroviário nas rotas dos rios Tapajós e Madeira, impactados por uma seca severa, podem beneficiar a comercialização brasileira.
Além disso, o avanço no plantio do milho verão, com 65,1% da área estimada já semeada, liderado pelo Paraná, reforça a expectativa de uma boa safra para o ciclo 2024/25.
O mercado segue atento às próximas projeções e aos desdobramentos climáticos e logísticos, que podem influenciar ainda mais os preços e a competitividade do milho e da soja no cenário global.