O acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, firmado na última semana durante a cúpula em Montevidéu, promete ampliar as oportunidades para exportações de carnes brasileiras ao mercado europeu, segundo associações representativas do setor frigorífico no Brasil. No entanto, a medida enfrenta forte oposição de produtores agrícolas europeus, que temem impactos em suas receitas.
Entre os destaques do acordo estão as novas cotas para exportação de carnes do Mercosul com tarifas reduzidas. Para a carne bovina, foi definida uma cota de 99 mil toneladas, com tarifa de 7,5%. Já a carne de frango terá cota isenta de tarifas de 180 mil toneladas, enquanto a carne suína contará com 25 mil toneladas sob tarifa fixa de 83 euros por tonelada. As cotas serão implementadas gradualmente nos próximos anos.
Segundo Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o acordo cria condições mais favoráveis para o Brasil no mercado europeu. “As cotas atuais serão mantidas, e as novas representam uma oportunidade estratégica para ampliar nossos embarques”, afirmou.
Apesar do otimismo brasileiro, o acordo enfrenta resistência na Europa. Associações como Copa e Cogeca, que representam produtores agrícolas europeus, realizaram protestos em Bruxelas, alegando que o influxo de produtos agrícolas do Mercosul ameaça setores sensíveis como carne bovina, frango e açúcar.
De acordo com a Comissão Europeia, o impacto no mercado interno será limitado, com o volume da nova cota de carne bovina representando apenas 1,6% da produção total do bloco. Contudo, o descontentamento dos produtores europeus pode retardar a aprovação do acordo, que ainda precisa ser ratificado pelos parlamentos nacionais e pelo Parlamento Europeu.