27/08/2021 às 15h00min - Atualizada em 27/08/2021 às 15h00min

Campos Neto: IPCA está “bastante alto”, mas há instrumentos para cumprir as metas de inflação

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, admitiu nesta sexta-feira que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) “está rodando bastante alto na ponta”, mas disse que a autoridade monetária “tem instrumentos claros” para cumprir suas metas.

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Ao participar de seminário promovido pela Esfera BR, em São Paulo, Campos Neto afirmou que o BC tem “preocupação com a inflação de serviços, que começa a subir”. Em outros componentes, disse que já se enxerga estabilidade nos preços, como nos de alimentos.

“Nunca tivemos tantos choques [inflacionários] em tão pouco tempo”, afirmou, citando “notícias preocupantes novamente na parte hídrica”, o que “preocupa obviamente do ponto de vista de inflação”. Segundo Campos Nato, haverá mais uma “reprecificação” da bandeira tarifária.

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Em termos de expectativas de inflação, ele reconheceu que parte das expectativas para 2022 “têm subido recentemente”. Entretabnto, defendeu a maneira como o BC vem atuando, dizendo que a instituição tem “tentado ser o mais transparente possível” para que o mercado “entenda como vamos atuar”.

Ao comparar a inflação brasileira com a do resto do mundo, disse que “uma parte da inflação foi choque global” e que há um “grande debate que é o quanto essa inflação [global] do produtor vai passar para o consumidor”.

No exterior, já há “alguma acomodação” no preço das commodities internacionais, embora “commodities mais altas sejam favoráveis para o Brasil em termos de troca”, lembrou. Segundo ele, o “Brasil tem uma inflação alta, mas muito próxima da Rússia, Índia”, pois há “um processo de alta generalizado” de inflação nos países emergentes.

Pesou também contra o Brasil “uma desvalorização de câmbio um pouco maior do que outros países”. Por fim, o presidente do BC lembrou que o país fez o ajuste mais forte de juros entre os emergentes até agora.

Atualmente, a Selic está em 5,25% ao ano. Já o horizonte relevante para a política monetária inclui os anos de 2022 e, em menor grau, 2023, cujas metas de inflação são de 3,5% e 3,25%, respectivamente.

Presente no evento, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, afirmou que acredita “que haverá a convergência da inflação para a meta”.

Sobre as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do ano que vem, Campos Neto disse que elas estão ligadas às eleições e ao quadro fiscal. “Acho que um pouco está antecipando as eleições, um pouco está ligado à [questão] fiscal.”

Ele lembrou que cada vez mais as expectativas para 2022 começam a ganhar peso nas análises em geral. Por enquanto, no Brasil, a “confiança está acima de níveis anteriores à pandemia, com a exceção do consumidor” e dados de alta frequência “mostram recuperação” recentemente.

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