26/11/2024 às 10h19min - Atualizada em 26/11/2024 às 10h35min

Em carta a Fávaro, CEO do Carrefour pede desculpas e elogia carne brasileira

POR ESTADÃO CONTEÚDO
ESTADÃO CONTEÚDO

Brasília, 26 - O CEO do Grupo Carrefour, Alexandre Bompard, pediu desculpas ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, pela confusão causada pela recente declaração do Carrefour França. Em carta enviada ao ministro, obtida pelo Broadcast Agro (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Bompard afirma que a declaração de apoio do Carrefour França aos produtores franceses provocou discordâncias no Brasil e que como diretor-presidente do grupo deve esclarecer.

"Sabemos que a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeito às normas e sabor. Se a comunicação do Carrefour França gerou confusão e pode ter sido interpretada como questionamento de nossa parceria com a agricultura brasileira e como uma crítica a ela, pedimos desculpas", disse Bompard, no documento entregue pela Embaixada da França ao Ministério da Agricultura.

A carta de Bompard põe fim a uma crise entre o Grupo Carrefour e o agronegócio brasileiro, em especial a indústria das carnes nacional, iniciada na última quarta-feira, 20, quando Bompard comunicou a varejista que se comprometeria a não comercializar carnes provenientes do Mercosul na França. "Independentemente dos "preços e quantidades de carne" que esses países possam oferecer", afirmando que esses produtos não respeitam os requisitos e normas do mercado francês.

Em represália à medida, frigoríficos brasileiros suspenderam o fornecimento de carnes ao Grupo Carrefour no Brasil e condicionaram a retomada do fornecimento de produtos ao Carrefour Brasil a uma retratação pública de Bompard.

Na carta, Bompard se diz um "amigo de longa data do País". "O Carrefour é um grupo descentralizado e enraizado em cada país onde está presente, francês na França e brasileiro no Brasil", afirmou.

Bompard destaca que na França o Carrefour compra quase toda a carne utilizada nas suas atividades dos produtores franceses. "E assim seguiremos fazendo. A decisão do Carrefour França não teve como objetivo mudar as regras de um mercado amplamente estruturado em suas cadeias de abastecimento locais, que segue as preferências regionais de nossos clientes. Com essa decisão, quisemos assegurar aos agricultores franceses, que atravessam uma grave crise, a perenidade do nosso apoio e das nossas compras locais", explicou.

No Brasil, segundo ele, também o Grupo Carrefour compra quase toda a totalidade de carne necessária para as atividades dos produtores locais. "E seguiremos fazendo assim. São os mesmos valores de criar raízes e parceria que inspiram há 50 anos nossa relação com o setor agropecuário brasileiro, cujo profissionalismo, cuidado à terra e produtores conhecemos", afirmou.

Bompard ressaltou que, sob sua gestão, o Brasil foi o país onde o Carrefour mais investiu nos últimos anos. "Nos últimos anos, o Grupo Carrefour Brasil acelerou seu desenvolvimento, dobrando tanto o volume de seus investimentos no país quanto suas compras da agricultura brasileira, o que confirma nossa ambição e nosso comprometimento com o país. Assim seguiremos prestigiando a produção e os atores locais e fomentando a economia do Brasil", pontuou.

E concluiu: "O Carrefour está empenhado em trabalhar, na França e no Brasil, em prol de uma agricultura próspera, seguindo nosso propósito pela transição alimentar para todos. Asseguro, Senhor ministro, nosso compromisso de longo prazo ao lado da agricultura e dos produtores brasileiros."

Em paralelo, o Grupo Carrefour publicou um comunicado de esclarecimento em seu site oficial, afirmando que jamais opôs agricultura brasileira à francesa.


Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO
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