O secretário municipal de Cultura de São Paulo, Alexandre Youssef, informou nesta quinta-feira que pediu demissão. Em vídeo divulgado no Instagram, ele alegou “explícitas diferenças e óbvias incompatibilidades” com o prefeito, Ricardo Nunes (MDB), além de divergências sobre o orçamento da pasta para o ano que vem, e disse que a decisão foi “alinhada com toda a sua equipe”.
Nomeado por Bruno Covas, Alê Youssef, como é conhecido, afirmou que tinha “laços de confiança” e liberdade com o ex-prefeito, morto em maio. Ao marcar diferenças com Nunes, ele disse que Covas permitiu um ambiente político favorável para “defender, amparar e valorizar a cultura”.
Youssef afirmou que suas diferenças com o atual prefeito, que “refletem não apenas ideologicamente uma dificuldade na compreensão do caráter libertário, independente e transformador da cultura, como também na dificuldade prática para o descongelamento de verbas contingenciadas de 2021 e um aumento substancial do orçamento para a secretaria para 2022”.
“Permaneço firme na trincheira da civilização e do pensamento, contra os enormes retrocessos que o país viveu nos últimos anos, contra esse desgoverno federal”, afirmou o ex-secretário no vídeo divulgado nesta quinta-feira. Na gravação, Youssef diz lutar por uma São Paulo “muito mais modernista do que bandeirante”.
Entre os motivos apresentados por Youssef para sair do cargo, está o embate com o governo sobre a verba para a Cultura em 2022. De acordo com o jornal “Folha de S.Paulo”, o ex-secretário queria que 2% do orçamento fossem destinados à Cultura, mas foi informado de que teria 1% do orçamento, abaixo do 1,08% de 2021.
Em nota, a prefeitura disse que as diretrizes orçamentárias para 2022 preveem um valor maior do que foi orçado em 2021. A gestão municipal disse que “reafirma o seu compromisso com a manutenção das políticas de fomento cultural da cidade”, afirmou lamentar a decisão de Youssef e elogiou o “excelente trabalho” do ex-secretário.
A saída de Youssef deve gerar uma debandada da secretaria. A diretora da Biblioteca Mário de Andrade, Joselia Aguiar, e a diretora do Departamento de Patrimônio Histórico, Maria Emília Nascimento Santos, também pedirão demissão. Outro nome da Cultura que deve sair é o diretor-geral da Fundação Theatro Municipal e ex-secretário da Cultura, Hugo Possolo.