O governo brasileiro anunciou que, a partir de 1º de dezembro de 2024, adotará um novo modelo de gerenciamento de risco para a importação de trigo argentino. O anúncio ocorreu na abertura do 31º Congresso Internacional da Indústria do Trigo, promovido pela Abitrigo em Foz do Iguaçu (PR). A nova medida, apresentada pelo secretário adjunto do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), Allan Rogério de Alvarenga, visa agilizar e simplificar o processo de importação, mantendo a segurança alimentar.
Com a mudança, apenas 10% das cargas serão submetidas à inspeção física e coleta de amostras, enquanto as demais seguirão diretamente para processamento ou destino final. Segundo Alvarenga, o deferimento antecipado das importações e o uso de um sistema integrado permitirão monitorar todas as entradas, priorizando a eficiência. A iniciativa foi desenvolvida em parceria entre a Receita Federal, o MAPA e entidades do setor, como Abitrigo e Sindustrigo. Um projeto piloto, testado no Porto de Santos em 2023, demonstrou resultados positivos.
Durante o congresso, Osvaldo Vasconcellos Vieira, supervisor da Embrapa Trigo, relembrou o progresso do setor nas últimas décadas e reafirmou o compromisso da Embrapa em desenvolver novas tecnologias para aumentar a produtividade do trigo no Brasil. O evento também contou com a participação do deputado federal Luiz Carlos Hauly, que discutiu a importância da reforma tributária para reduzir custos e facilitar o crescimento do setor produtivo.
O economista Sérgio Vale, da MB Associados, analisou o cenário macroeconômico global, alertando para as tensões políticas e econômicas, como a instabilidade no Oriente Médio e as disputas entre EUA e China, que podem impactar o Brasil. Ele projetou um crescimento econômico de 2% para o país nos próximos anos, além de manter a taxa Selic próxima de 10% até 2026.
O cientista político Gustavo Segré destacou os desafios do cenário político nacional, especialmente quanto às relações internacionais e à relevância global do Brasil. Segundo ele, as decisões políticas dos próximos anos serão cruciais para o futuro econômico do país.
No segundo dia do congresso, um painel mediado pelo consultor Edson Csipai abordou o mercado global de trigo. Eduardo Vazquez, trader da IPSOY S.A., enfatizou o protagonismo argentino e os impactos das mudanças climáticas em países produtores. Roberto Sandoli Jr., da Cooperativa Agrária, apontou que o Brasil tem potencial para se tornar uma potência na produção de trigo, desde que a cadeia produtiva esteja alinhada e disposta a implementar mudanças estratégicas.