Depois de passar boa parte do pregão no campo negativo, a bolsa brasileira conseguiu encerrar o dia no azul, cravando a segunda alta consecutiva. O ambiente externo ainda favorável e a ausência de notícias negativas na cena doméstica abriram espaço para esticar os ganhos da véspera, reconduzindo o Ibovespa à faixa dos 120 mil pontos.
Após ajustes, o Ibovespa fechou em alta de 0,50%, aos 120.818 pontos, na pontuação máxima do dia. Na mínima, o índice à vista caiu até os 119.226 pontos. O volume financeiro negociado na bolsa foi de aproximadamente R$ 25 bilhões, sendo que R$ 17 bilhões desse giro são referentes ao Ibovespa.
“Os mercados no Brasil se recuperaram ontem e hoje, depois de passarem dias descolados para pior em relação ao desempenho lá fora”, resume o economista-chefe da Integral Group, Daniel Miraglia, lembrando que as declarações ontem do presidente da Câmara, Arthur Lira, trouxeram alívio aos ativos locais em relação à reforma tributária.
“O mercado vê a proposta como populista, que complica a vida do contribuinte, ao invés de simplificar e se a reforma tributária não for mesmo votada e voltar para a ‘prancheta’ pode haver uma alta maior e melhoria de preço tanto da bolsa quanto do câmbio e dos juros”, avalia Miraglia.
Com o cenário interno mais positivo, o foco se volta agora para o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na sexta-feira, durante simpósio de banqueiros centrais em Jackson Hole (Wyoming, EUA). Em Nova York, os índices Dow Jones e S&P 500 tiveram ganhos moderados de +0,11% e +0,22%.
“O mercado vai ficar apreensivo e monitorando, de forma mais morna, até que ele se pronuncie quanto à continuidade ou não do estímulo, se vai fazer e como vai fazer”, avalia o sócio-diretor do Prosperidade Investimentos, Thiago Loiola Reis. Para ele, tanto hoje quanto amanhã, o pregão na bolsa deve ser mais “tranquilo”.
Ainda assim, o chefe de renda variável da Zahl Investimentos, Flávio de Oliveira, lembra que ainda é preciso ter cautela com o noticiário político. “Tem questões em Brasília que podem fazer preço”, pondera. Ele acrescenta que o resultado acima do esperado do IPCA-15 neste mês também mantém o sinal de alerta.
“Mas realmente hoje e amanhã deve ser mais tranquilo”, diz o chefe de renda variável da Zahl. “O mercado tende a ficar de lado, esperando a fala do Powell na sexta-feira sobre a continuidade ou não dos estímulos e como isso vai ser”, completa Oliveira.
O economista do Integral Group lembra que o mercado financeiro já não espera mais que Powell anuncie o início da redução do programa de compra de ativos (“tapering”). “Ao contrário, o mercado espera um discurso ‘dovish’ [suave], dizendo que é preciso aguardar mais um tempo por causa da variante delta”, explica Miraglia. “Se vier algo diferente disso, os mercados globais tendem a reagir”, ressalta.
Entre as ações brasileiras, Vale ON fechou em queda de 0,21%, enquanto Petrobras teve alta de 0,25% e de 0,54% nas ON e PN. Nos bancos, a oscilação foi estreita, com +0,13% para Itaú Unibanco PN e +0,17% para Bradesco PN. Já nos destaques, Banco Inter Units liderou as quedas, com -4,42%, enquanto Suzano ON liderou as altas, com +5,44%.