O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) acelerou a alta para 0,89% em agosto, após marcar 0,72% em julho, informou nesta quarta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa é a maior para um mês de agosto desde 2002, quando foi de 1%. Em agosto de 2020, o IPCA-15 tinha avançado 0,23%.
O resultado ficou acima da mediana das 32 projeções de analistas de consultorias e instituições financeiras consultados pelo Valor Data, que projetavam elevação de 0,83% no período. O intervalo das estimativas era de 0,67% a 0,92% de aumento.
A energia elétrica foi a principal influência individual para a alta do IPCA-15 em agosto, com impacto de 0,23 ponto percentual da taxa de 0,89%. A alta da energia pelo IPCA-15 de agosto foi de 5%, acima dos 4,79% de um mês antes.
No acumulado em 12 meses, o IPCA-15 ficou em 9,30% em agosto, ante 8,59% até julho. A mediana das estimativas do Valor Data era de 9,24%. A meta de inflação perseguida pelo Banco Central (BC) para 2021 é de 3,75%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima. Em 2021, o IPCA-15 acumula elevação de 5,81% até agosto.
Das nove classes de despesas usadas para cálculo do IPCA-15, sete tiveram aceleração na passagem entre os meses de julho e agosto de 2021. Foram observadas taxas maiores de inflação em alimentos e bebidas (0,49% para 1,02%), artigos de residência (de 0,81% para 1,05%), vestuário (de 0,58% para 0,94%), transportes (de 1,07% para 1,11%), despesas pessoais (de 0,36% para 0,68%) e educação (de 0,12% para 0,30%). Em comunicação, houve mudança de rumo (de -0,04% para 0,19%).
Saúde e cuidados pessoais aprofundaram a queda (-0,24% para -0,29%) e habitação reduziu o ritmo de alta (de 2,14% para 1,97%).
No caso de habitação, é importante ressaltar que, a despeito da desaceleração, o grupo foi o que mais pesou para a alta de 0,89% do IPCA-15 em agosto, com impacto de 0,31 ponto percentual da taxa de 0,89%. A maior influência no grupo veio da energia elétrica (+5%) e maior impacto individual no IPCA-15 (0,23 ponto percentual).
Oito das 11 regiões pesquisadas pelo IBGE registraram aceleração na prévia da inflação na passagem entre julho e agosto. A maior taxa do IPCA-15 em agosto foi registrada em Goiânia, com alta de 1,34%, após 0,56% em julho, puxada pelos preços de gasolina (6,31%) e da energia elétrica (3,60%).
Também foram observadas acelerações nas taxas do IPCA-15 em Brasília (de 0,38% para 1,05%), Porto Alegre (de 0,84% para 1,01%) Fortaleza (de 0,73% para 0,86%), Salvador (de 0,74% para 0,85%), Belém (de 0,76% para 0,85%) e Rio de Janeiro (de 0,52% para 0,67%).
A menor taxa do IPCA-15 em agosto foi observada em Belo Horizonte, de 0,40%, após elevação de 0,56% em julho. Na capital mineira, o resultado foi influenciado pela deflação em passagens aéreas (-20,05%) e em taxa de água e esgoto (-6,40%).
Em 12 meses, quatro das 11 regiões pesquisadas pelo IBGE registraram taxas de inflação em dois dígitos. Goiânia (10,67%), Curitiba (11,43%), Porto Alegre (10,37%) e Fortaleza (11,37%) foram as regiões com taxas acima dos 10%. Em São Paulo, o IPCA-15 nos 12 meses até agosto ficou em 8,64%, enquanto, no Rio de Janeiro, essa taxa foi de 7,93%.
Os resultados acumulados em 12 meses nas demais regiões pesquisadas pelo IBGE foram: Belo Horizonte (9,30%), Belém (9,85%), Salvador (8,31%), Brasília (8,27%) e Recife (9,88%).
O IPCA-15 é uma prévia do IPCA, calculado com base em uma cesta de consumo típica das famílias com rendimento entre um e 40 salários mínimos, abrangendo nove regiões metropolitanas, além de Brasília e do município de Goiânia. A diferença em relação ao IPCA está no período de coleta e na abrangência geográfica.