27/09/2024 às 10h24min - Atualizada em 27/09/2024 às 10h24min
Além da segurança no uso do farelo de mamona na alimentação dos ruminantes, pesquisa busca reduzir as emissões de metano entérico
André Luiz Casagrande
Foto: Divulgação Melhorar o nível de tecnologias para a produção de farelo de mamona destoxificado em escala industrial e validar a sua segurança como fonte de proteína para a composição da dieta de ruminantes e sua adoção em um sistema de produção eficaz para redução da emissão de metano entérico.
Esta é a proposta de um estudo da Embrapa, que está testando o uso do farelo de mamona destoxificado como substituto do farelo de soja na dieta de bovinos de corte, assim como o seu potencial para redução de metano. Pesquisa, realizada em Bagé RS, na Embrapa Pecuária Sul, em parceria com a Embrapa Algodão e a Universidade Federal de Santa Maria, está avaliando: consumo, digestibilidade e segurança do uso do farelo na dieta dos animais.
Segundo a zootecnista Bruna Fernandes Machado, responsável pelos estudos em sua tese de doutorado, o farelo de mamona está sendo testado para ser introduzido de forma segura no mercado pecuário brasileiro.
“A pesquisa não busca anular a toxicidade, porque ela não vem do processo industrial, que acaba anulando a toxidade da mamona para ser utilizada na alimentação de ruminantes”, comenta e acrescenta que o objetivo é ter condições adequadas e seguras nas dietas dos ruminantes, para a suplementação dos animais no campo e em confinamento.
Acesso ao alimento
De acordo com a zootecnista, cada animal tem acesso somente a um dos quatro cochos da baia com o tratamento correspondente de nível de inclusão de mamona. “Nesse sentido, cada animal é identificado por meio de um chip implantado na orelha, para ter acesso ao cocho, que libera a entrada somente do animal previamente cadastrado”, afirma Bruna.
Para a avaliação do consumo são utilizados cochos da Intergado, que fornecem informação de quanto o animal consome de matéria verde em quilo por dia, individualmente. “A digestibilidade vai ser avaliada através de amostras coletadas da dieta para análises bromatológicas, de cada uma, dessa forma, assegurando o uso do farelo de mamona na dieta de ruminantes”, explica a especialista.
Menor produção e emissão de metano entérico
Um dos potenciais do farelo de mamona testado na pesquisa é a redução da produção e emissão do metano entérico pelos bovinos de corte. Este é um dos fatores que vêm sendo avaliados, além da nutrição dos ruminantes, com o objetivo de tornar a pecuária cada vez mais competitiva e sustentável.
Conforme explica Bruna, uma das principais fontes que contribuem para a emissão desse gás é o processo de fermentação entérica em ruminantes, sendo o metano um gás muito relevante para o objetivo de reduzir o aquecimento global. “Como o Brasil possui um dos maiores rebanhos bovinos do mundo, um dos caminhos para que o país cumpra os compromissos reforçados internacionalmente de reduzir a emissão de metano é através do manejo e formulação de dietas mais eficientes”, destaca.
A zootecnista informa que a pesquisa se encontra em fase de estudo e avisa que, quando estiver finalizado, serão divulgados os resultados para o mercado e para os produtores.