A parcela de famílias que se declararam endividadas na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), bateu recorde pelo segundo mês consecutivo em agosto.
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Na pesquisa, a parcela de famílias que se declararam endividadas esse mês foi de 72,9%, acima de 71,4% patamar recorde anterior, e superior ao de agosto do ano passado (67,5%), informou há pouco a entidade.
Entretanto, a CNC não registrou piora nos indicadores de inadimplência. Entre os endividados, 25,6% declararam contas em atraso, proporção igual a de julho e menor do que a de agosto de 2020 (26,7%). Os que informaram não ter condição de pagar, por sua vez, levaram a uma parcela de 10,7% no total de endividados com débitos em atraso na Peic de agosto, inferior a de julho (10,9%) e de agosto de 2020 (12,1%).
Em comunicado, a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, comentou que os conceitos de endividamento e inadimplência são distintos. Ela pontuou que, ainda que o aumento das dívidas seja termômetro importante sobre a saúde financeira dos brasileiros, há que se avaliar a capacidade das famílias em cumprir com os acordos. E, até então, a inadimplência mantém estabilidade, no entendimento da pesquisadora.
Também em nota sobre a pesquisa, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, comentou que o crédito tem ajudado muita gente na recomposição da renda.
“Na pandemia, muitos têm recorrido à informalidade e investido em pequenas atividades para garantir seu sustento, por isso o acesso ao crédito é tão importante. Mas há uma necessidade grande de planejamento do orçamento familiar para que esse alívio não vire um problema ainda maior do que o que se tinha inicialmente, uma bola de neve”, alertou ele.
No comunicado, a CNC informou ainda recorte especial de endividamento por regiões, já antecipado ao Valor no início do mês. A entidade reiterou que o endividamento, no país, acontece em patamares diversos, nas diferentes regiões do Brasil, mostrando características peculiares a cada Estado.
O Acre, por exemplo, apresentou a maior proporção de famílias endividadas (93,7%) em agosto, ao passo que o rendimento mensal per capita dos acreanos é o 10º menor do País, segundo dados de 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No outro extremo, Santa Catarina detém a menor proporção de famílias com dívidas em agosto (50%).