A partir de 1º de janeiro de 2025, entra em vigor na União Europeia a chamada "Lei Antidesmatamento", que proibirá a importação de produtos provenientes de áreas desmatadas ou degradadas após 2020. A medida afeta diretamente commodities como soja, gado, café, madeira, borracha e cacau do Brasil. Segundo cálculos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a nova legislação pode impactar até 60% das exportações agropecuárias brasileiras para o bloco, que somaram US$ 25 bilhões em 2022.
O pesquisador da FGV, Leonardo Munhoz, destaca que os principais produtos brasileiros exportados para a Europa podem sofrer fortes restrições devido à nova lei. Já o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, critica a diretriz europeia, afirmando que ela não reconhece o Código Florestal do Brasil, que distingue o desmatamento legal do ilegal.
Desafios logísticos e críticas à reciprocidade
Para o comentarista do Canal Rural, Miguel Daoud, a legislação desconhece a realidade da produção brasileira, apontando a dificuldade de rastrear a origem precisa dos grãos comercializados. "Os produtores vendem soja para tradings, sem uma identificação exata da origem. É impraticável determinar se o grão veio de áreas desmatadas ou não", afirmou Daoud. Ele sugere que o Brasil deveria adotar o princípio da reciprocidade, dado que o país importa produtos industrializados da Europa, cujos países são considerados grandes poluidores.