24/08/2021 às 15h00min - Atualizada em 24/08/2021 às 15h00min

Clima político e exterior favorável fazem dólar ficar abaixo de R$ 5,30

A ação de agentes políticos em Brasília para pôr panos quentes na crise institucional que se avoluma novamente abre espaço para grande retirada de prêmio de risco no mercado de câmbio nesta terça-feira. Contando ainda com novo dia de ambiente favorável para a tomada de risco no exterior, esse movimento faz o dólar ser negociado abaixo dos R$ 5,30 pela primeira vez desde a quarta-feira da semana anterior.

Por volta das 14h20, a moeda americana caía 2,35%, a R$ 5,2540, perto da mínima intradiária, de R$ 5,2495. Dessa forma, o real lidera, com folga, o ranking de melhores desempenhos do dia.

Após patinar alguns dias perto dos R$ 5,40, a moeda americana abriu o pregão em queda firme no Brasil, reagindo a fatores como a alta de 6,9% do minério de ferro em Qingdao, na China, que ajuda a impulsionar as commodities e, com elas, ações de empresas setor em todo o mundo.

O viés positivo foi intensificado pelas declarações do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) feitas em evento organizado pela XP. O parlamentar, um dos principais apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, afirmou que não houve "e não haverá", por parte do Congresso, sinal de rompimento com a responsabilidade fiscal e que o Auxílio Brasil está precificado "dentro do teto". Ele ainda afirmou que a reforma do Imposto de Renda ainda carece de negociação e não será colocada em pauta esta semana.

O efeito das declarações de Lira foi imediato, tanto no câmbio quanto em outros ativos domésticos. "Claramente tem muito a ver com as falas do Lira. É o sinal de que mercado precisa, de que os problemas do Brasil estão tentando ser resolvidos", diz o analista técnico da Ativa Investimentos, Lucas Xavier.

Apesar do alívio visto na sessão, a cautela ainda deve persistir, diz o sócio da Armor Capital, Alfredo Menezes. "Acho que sempre vai ter o medo de como será o movimento de 7 de Setembro", pondera, se referindo aos atos chamados em apoio a Bolsonaro.

Há também um aparente crescimento, na margem, da expectativa de que o simpósio de Jackson Hole, que começa na sexta-feira, acabe sendo um ‘não evento’ para a política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano). O NatWest Markets, por exemplo, entende que qualquer anúncio formal deve ser feito apenas em novembro e o início efetivo da redução do volume de compras pelo BC americano, em dezembro.

“O discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, deve tocar em discussões relativas ao ‘taper’ que já foram abordadas na reunião de julho do Fomc. É possível que ele forneça mais informações sobre o que se considera ser ‘progresso substancial’ e também o que entende por ‘aviso com antecedência’. Temos trabalhado com a visão de que o Fomc irá fazer isso ao longo de suas reuniões oficiais”, diz o banco canadense.

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