12/08/2024 às 07h55min - Atualizada em 12/08/2024 às 07h55min

Morre ex-ministro Delfim Netto em SP aos 96 anos

Trajetória política marcada pelo "milagre econômico" e controvérsias durante o regime militar

- Da Redação, com CNN e Isto É
Foto: WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO

O ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto faleceu nesta segunda-feira, 12, aos 96 anos, em São Paulo. Ele estava internado há uma semana no Hospital Israelita Albert Einstein devido a complicações de saúde. Delfim Netto deixa um legado que inclui passagens como ministro da Fazenda, Agricultura, e embaixador do Brasil na França, além de uma carreira marcante como economista e político durante a ditadura militar.

Nascido em São Paulo, Delfim Netto se formou em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e começou sua trajetória profissional de forma humilde, como auxiliar de escritório. No entanto, sua carreira tomou um rumo significativo ao ser nomeado ministro da Fazenda em 1967, durante o governo do general Costa e Silva, cargo que manteve até 1974, no governo de Emílio Garrastazu Médici. Seu período à frente da pasta foi marcado pelo chamado "milagre econômico", um período de rápido crescimento do PIB, mas também pelo aumento da concentração de renda e pela dívida externa crescente.

Após deixar o Ministério da Fazenda, Delfim Netto foi embaixador do Brasil na França de 1975 a 1977, durante o governo do general Ernesto Geisel. Em 1979, retornou ao Brasil para assumir brevemente o Ministério da Agricultura, antes de ser nomeado secretário do Planejamento, cargo que ocupou até o final do regime militar em 1985. Como secretário do Planejamento, enfrentou desafios econômicos significativos, como a crise financeira global causada pelo choque dos preços do petróleo e a alta dos juros americanos.

Com a redemocratização, Delfim Netto continuou a exercer influência na política brasileira, sendo eleito deputado federal em 1986 e participando da Assembleia Nacional Constituinte. Ele foi reeleito por quatro mandatos consecutivos, permanecendo na Câmara dos Deputados até 2007. Mesmo após deixar o Congresso, Delfim Netto continuou a participar do debate econômico e político brasileiro, escrevendo para diversos veículos de comunicação.

Sua morte marca o fim de uma era na história política e econômica do Brasil, deixando um legado complexo e controverso, reflexo de seu papel central durante um dos períodos mais turbulentos da história do país.


 


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