23/08/2021 às 14h00min - Atualizada em 23/08/2021 às 14h00min

Ibovespa firma-se em queda e fica na na contramão de bolsas dos EUA

O clima ainda pesado em Brasília atrapalha a bolsa brasileira em acompanhar o bom humor dos mercados no exterior hoje, onde a variante delta do coronavírus traz incertezas sobre a retirada de estímulos por parte dos bancos centrais, alimentando o apetite por risco. Aqui, o acúmulo de crises (institucional e fiscal) continua inspirando cautela entre os investidores.

Como resultado, o Ibovespa alterna leves altas e baixas desde a abertura do pregão, dividido entre a queda da Vale e os ganhos firmes da Petrobras. Perto das 13h, o Ibovespa caía 0,72%, aos 117.205 pontos, depois de subir até os 118.445 pontos logo depois da abertura.

O volume financeiro somava R$ 8,4 bilhões, projetando giro ao redor de R$ 25 bilhões até o fim do pregão. “Os quatro maiores vendedores são corretoras gringas versus quatro maiores compradoras corretoras locais”, informa um operador de renda variável, com base no perfil de clientes das instituições que figuram no ranking. Em Nova York, os índices Dow Jones e S&P 500 subiam 0,74% e de 0,90%, nesta ordem.

O especialista de finanças da Toro Investimentos Túlio Nunes observa que lá fora a preocupação com a propagação da variante delta do coronavírus tende a resultar em atrasos na reabertura da economia e a postergar a redução no ritmo de estímulos pelo Federal Reserve. “Aqui, os rumores sobre questões fiscais e a dificuldade de aprovação da reforma tributária são os principais motivos para a queda da bolsa brasileira hoje”, emenda.

Já o analista da Commcor Corretora Cléber Alessie acrescenta a nova escalada da crise institucional, após o presidente Jair Bolsonaro entrar com um pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na última sexta-feira. “Assim, se o clima político-fiscal já vinha delicado, vemos novos ajustes negativos nos ativos locais, que há semanas mostram cada vez maior dificuldade em acompanhar os dias de euforia no exterior”, comentou em relatório matinal.

Entre as commodities, o petróleo recupera-se e exibem ganhos expressivos, de mais de 3%, mas o preço do barril segue cotado abaixo de US$ 70. Na China, o minério de ferro subiu em Dalian, mas caiu no porto de Qingdao. Em reação, Vale ON recuava 0,59%, ainda no horário citado acima, ao passo que Petrobras exibia altas de 2,36% e de 1,99% nas ações ON e PN. PetroRio ON figurava no ranking de maiores altas, com +3,72%.

Para o chefe de Economia e Pesquisa do Julius Baer, Norbert Rücker, a normalização do crescimento econômico na China tornou-se um obstáculo para as commodities industriais, em particular os metais básicos. “A China ultrapassou a recuperação do crescimento pós-pandemia e atingiu velocidade de cruzeiro mais cedo do que alguns esperavam”, explica.

Rücker avalia que o impacto econômico dos “soluços” da pandemia é um elemento temporário, mas ressalta que há ventos contrários mais duradouros para as commodities em geral. Para o diretor do banco suíço, os temores em relação à oferta de metais e commodities agrícolas devem continuar a diminuir.

Ainda assim, o setor siderúrgico figura no campo positivo: Usiminas PNA (+2,40%), Gerdau PN (+1,34%) e CSN ON (+0,41%). O setor financeiro também está no azul: Itaú Unibanco PN (+0,47%) e Bradesco PN (+0,31%). Na outra ponta, Sabesp ON (-3,37%), entre os destaques negativos, devolvendo parte da alta de quase 11% registrada na sexta-feira, quando reagiu a comentários sobre privatização.

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