19/08/2021 às 11h00min - Atualizada em 19/08/2021 às 11h00min

Dólar vai ao maior nível desde maio e juros avançam com aversão a risco externa

O dólar e os juros futuros chegaram a disparar logo após o início dos negócios desta quinta-feira, reagindo à aversão a risco disseminada nos mercados internacionais nesta manhã, além de repercutirem a deterioração do cenário fiscal e o aumento do risco político em âmbito doméstico. Na sequência, os ativos reduziram o ímpeto de alta, mas seguem registrando avanços firmes.

Perto das 10 horas, o dólar subia 1,11%, saindo a R$ 5,4345 no mercado à vista. Na máxima, atingiu R$ 5,4555, no maior nível desde 4 de maio.

O movimento está em linha com o verificado nas moedas de países emergentes, que sofrem com o enxugamento na busca por ativos de risco e acompanham o tombo das commodities, como petróleo e minério de ferro.

“Os ativos dos mercados emergentes estão seguindo a tendência de queda no apetite ao risco”, dizem os estrategistas Win Thin e Ilan Solot, do Brown Brothers Harriman, em relatório diário. “O dólar está aproveitando seus ganhos recentes, à medida que o sentimento de aversão a risco se intensifica. O DXY [ICE Dollar Index, índice que compara o dólar a uma cesta de seis moedas desenvolvidas] está sendo negociado em novas máximas neste movimento, próximo a 93,50 pontos.”

O clima avesso a risco nos mercados internacionais hoje, com baixas firmes nas bolsas de Estados Unidos e Europa e apelo por títulos do Tesouro americano (Treasuries), é motivado por diversos fatores: a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, inicie a retirada de estímulos monetários com a redução de compra de ativos (“tapering”) ainda em 2021, após a ata de ontem; a desaceleração da economia chinesa e o temor de que o país amplie o seu cerco regulatório para outros setores de empresas; e a disseminação da variante delta.

Nos juros, as taxas futuras tinham avanços mais firmes nas porções intermediária e longa da curva a termo, mas já haviam desacelerado bastante a alta e se distanciavam das máximas, quando chegaram a saltar cerca de 30 pontos-base (0,3 ponto percentual) contra o ajuste anterior.

O juro do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 subia de 6,72% no ajuste anterior para 6,735%, e o do DI para janeiro de 2023 avançava de 8,49% para 8,555%. Além disso, o do contrato para janeiro de 2025 tinha alta de 9,87% para 9,91% e o do DI para janeiro de 2027 escalava de 10,32% para 10,38%.

A Renascença aponta que a elevada cautela dos investidores nesta manhã, devida ao acúmulo de fatores desconfortáveis mais recentemente, tem a ver principalmente com a ata do Fed. O documento mostrou que muitos dirigentes do banco central dos Estados Unidos, ao final de julho, já discutiam a hipótese de começo da redução do programa de compras de ativos ainda neste ano.

“Desse modo, a interpretação que os investidores realizam, neste momento, é a de que a ata do banco central norte-americano foi mais ‘hawkish’ [inclinada à retirada de estímulos monetários]”, avalia a instituição. Internamente, aponta a Renascença, não há novas notícias para os mercados, mas a dinâmica dos mercados e a percepção dos investidores quanto à conjuntura doméstica deverão continuar em deterioração, dados os presentes riscos fiscais e políticos.

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