O Ibovespa alternou exatos 2.250 pontos entre as pontuações mínima e máxima do dia, encerrando a sessão em queda, abaixo da faixa dos 117 mil pontos, com o vencimento de opções sobre Ibovespa e de índice futuro intensificando o vaivém. A bolsa brasileira também foi penalizada pela disparada do dólar e das taxas de juros futuros (DIs), em reação à ata da reunião do Comitê do Federal Reserve (Fomc), com as incertezas locais potencializando o movimento.
Após ajustes, o Ibovespa encerrou o dia em queda de 1,07%, aos 116.643 pontos, tendo oscilado entre os 118.739 pontos, na máxima, registrada à tarde, e os 116.489 pontos, na mínima, vista pela manhã. O volume financeiro somou R$ 67,091 bilhões, sendo inflado pelo exercício do dia.
Nos demais mercados domésticos, o dólar comercial disparou 1,94%, cotado a R$ 5,3751, enquanto as taxas dos DIs para janeiro de 2025 e de 2027 dispararam a 10,00% e 10,45%, respectivamente, na sessão regular, de 9,60% e 10,03% nos ajustes anteriores.
Em Nova York, o fundo de índice (ETF, na sigla inglês) iShares MSCI Brazil (EWZ) tombou 3,11%, refletindo o movimento do câmbio. “A alta do dólar aqui faz bolsa ficar mais barata por lá”, explica um operador sênior de renda variável de uma corretora nacional. Já os índices Dow Jones e S&P 500 caíram pouco mais de 1%, sob impacto da ata do Fomc.
O sócio-gestor da Fatorial Investimentos, Jansen Costa, explica que a piora dos mercados globais refletiu a ata do Fomc, divulgada à tarde. O documento corroborou as expectativas do mercado financeiro em relação ao início da redução gradual do programa de compra de ativos (tapering). “A ata não disse nada de novo, mas deu indicativo de que o tapering começa em dezembro”, afirma.
Segundo ele, o debate agora passa a ser sobre o momento exato da primeira alta da taxa de juros norte-americana. “Ainda precisa de mais informações para saber quando isso pode acontecer, mas deve ser no médio e longo prazo”, emenda, lembrando que a sinalização sobre o fim dos estímulos monetários eleva a pressão sobre os ativos emergentes.
Com isso, o dólar ficou mais forte, as taxas longas sofreram pressão adicional e a bolsa mostrou-se volátil. Somado a isso estão as incertezas fiscais e os ruídos vindos de Brasília. “O mercado está bastante inseguro com o cenário político conturbado, pano de fundo da queda da bolsa nos últimos dias”, afirma o sócio-estrategista da 051 Capital, Rossano Oltramari.
Para ele, o estresse maior foi observado no dólar, que rompeu a barreira dos R$ 5,30, disparando ordens de “stop loss” (perda máxima aceitável), o que intensificou o ritmo de alta, indo até a máxima em R$ 5,37. “Os juros futuros também estressaram, refletindo as incertezas políticas e fiscais”, comenta o estrategista da 051 Capital.
Oltramari lembra que a bolsa brasileira teve perdas consideráveis ao longo dos últimos dias, indo direto dos 121 mil pontos, na última sexta-feira, até os 116 mil pontos, hoje. “A melhora na parte da tarde foi uma busca por pechinchas nos preços, após essa queda significativa, ainda mais depois de resultados corporativos positivos”, explica.
Entre os destaques, Cogna ON liderou o ranking de maiores altas do Ibovespa, com +4,52%, ainda refletindo a melhora na recomendação do Credit Suisse para o papel. Na outra ponta, Ultrapar ON figurou no topo da lista negativa, com -4,97%, devolvendo parte do movimento após a venda da Oxiteno.
Nas blue chips, Vale ON tombou 4,57%, enquanto Petrobras teve baixas de 1,62% nas ON e -1,37% nas PN, em meio à queda do petróleo e do minério de ferro cotados no mercado internacional. Já entre os bancos, Itaú Unibanco PN caía 0,50%, enquanto Bradesco PN recuou 1,09% e. Santander Units cedeu 0,99%.