No começo do ano de 2023, o mercado brasileiro de trigo se viu com uma alta disponibilidade do cereal, em grande parte devido à produção recorde alcançada em 2022. Conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil colheu um total de 10,55 milhões de toneladas do cereal, compensando a diminuição na disponibilidade de trigo argentino, um fornecedor chave para o país. Além disso, a produção também cresceu no mercado externo.
Entretanto, essa alta oferta levou a uma tendência de queda nos preços domésticos do trigo, movimento que se estendeu praticamente durante todo o ano de 2023. A trajetória de baixa, iniciada em dezembro de 2022, persistiu até outubro de 2023. De acordo com levantamentos do Cepea, esse período de redução nos preços foi influenciado pelo baixo interesse nas negociações e pela expectativa de uma safra positiva no segundo semestre de 2023.
A reação do mercado começou a ser percebida por volta de outubro, quando a colheita avançou e a confirmação de menor qualidade e quantidade do trigo nas safras do Paraná e do Rio Grande do Sul, dois importantes estados produtores no país, começou a ser evidenciada. Esta percepção gerou uma queda na produção, e moinhos demonstraram maior interesse na aquisição do cereal.