01/12/2023 às 09h52min - Atualizada em 01/12/2023 às 09h52min

Rebreed21, um modelo de ressincronização superprecoce

Em uma estação de monta enxuta, de apenas 42 dias, as fêmeas têm até três oportunidades de inseminação

André Luiz Casagrande
Foto: Pixabay
Em agosto deste ano, durante o GlobalSynch Group, realizado em Goiânia (GO), o professor do Departamento de Zootecnia da ESALQ/USP, Roberto Sartori, abordou temática relacionadas à inseminação artificial,  com destaque para um novo modelo de ressincronização superprecoce. Trata-se do “Rebreed21, desenvolvido pela University of Wisconsin-Madison (Estados Unidos), em parceria com a GlobalGen vet Science.
 
Segundo o professor, em linhas gerais, o Rebreed21 propõe uma estação de monta curta, de apenas 42 dias, período em que são realizadas até três inseminações, sem que haja interferência nos resultados da inseminação em tempo fixo (IATF) anterior.
 
Conforme explica Sartori, feita a primeira inseminação da estação de serviço, 12 dias depois começa a ressincronização, para, no D21 (9 dias depois do início da ressincronização precoce ou superprecoce), realizar um diagnóstico de gestação com doppler. As fêmeas que não tiverem corpo lúcteo funcional, são novamente inseminadas.
 
Em continuidade, 12 dias após a segunda inseminação, inicia-se o terceiro protocolo de ressincronização superprecoce para, no D42, fazer novo diagnóstico. Mais uma vez, as fêmeas que não tiverem corpo lúteo funcional são inseminadas. “Assim, no intervalo de 42 dias, utilizando-se o Rebreed21, as fêmeas têm três oportunidades de emprenhar”, resume.
 
Mas o resultado depende de uma boa gestão da fazenda como um todo. O pesquisador explica que se tudo for realizado de forma correta e se fazenda estiver em ordem, com um gado saudável e bem alimentado, em 42 dias de uma estação de serviço é possível emprenhar 75% a 85% das fêmeas de um lote ou do rebanho, dependendo da a situação da propriedade.
 
Por essa razão, Sartori diz que o Rebreed21não é um programa reprodutivo para ser realizado em qualquer lugar. “Como os manejos são muito intensos e em intervalo curto, o protocolo exige mão de obra muito bem qualificada, preocupada com o bem-estar do gado e o animais acostumados com o manejo de curral”, avisa. “Tudo isso é fundamental para o sucesso dessa tecnologia. ”
 
Sartori conta que depois foi realizado um projeto grande, na Fazenda Roncador, em Querência, MT, e, a seguir um projeto piloto na Esalq, em vacas. E, esse ano, vai iniciar um experimento mais completo, já refinando o protocolo Rebreed21.
 
De acordo com o pesquisador, após comprovar a eficiência do Rebreed21, o passo seguinte é recomendar um manejo racional para que o gado sinta menos os efeitos do estresse, que é outro fator possivelmente associado à perda gestacional e à dificuldade de as fêmeas emprenharem. Nesse sentido, ele informa que, há cerca de uma década, na Esalq as vacas são submetidas à IATF com perdas mínimas.

Vantagens da IATF
Sartori, que é referência em reprodução animal com foco na inseminação artificial por tempo fixo, aponta alguns benefícios dessa tecnologia. “Em relação à monta natural com touros, talvez, a principal vantagem da IATF,no gado de corte e no de leite, é permitir inseminar fêmeas em condição em anestro, seja vacas pós-parto ou novilhas pré-púberes, o que jamais aconteceria de forma natural”, comenta.
 
Além disso, ele também destaca o ganho genético ao se usar sêmen de touros provados com a inseminação artificial, pois evita a transmissão de doenças infectocontagiosas, principalmente as sexualmente transmissíveis, como campilobacteriose, tricomonose, entre outras.
 
Mas, a principal vantagem, na opinião do professor, é que a IATF permite emprenhar muito mais fêmeas no início da estação de serviço, propiciando um aumento substancial no número de bezerros do cedo, que são os melhores da safra.
 
Entretanto, o professor afirma que, em relação à fertilidade, a IATF, teoricamente, não propícia uma melhor fertilidade quando comparada à monta natural em condições ideais de monta a campo, em que a qualidade seminal dos touros é de origem comprovada.
 
“Nesse caso, a fertilidade a campo em fêmeas cíclicas é boa, porém, o que se diferencia  em relação à IATF são os protocolos e os medicamentos. Em termos gerais, a maioria dos protocolos utilizados em gados de corte apresentam resultados muito bons e com fertilidade adequada, desde que as condições de nutrição, santidade e manejo da fazenda sejam apropriadas”, ressalta. 

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