O nível de concorrência para os grandes leilões rodoviários que estão por vir — Dutra, BR-381 e rodovias do Paraná — deverá ser mais limitado, devido ao volume de investimentos e complexidades dos contratos, avalia Waldo Perez, diretor financeiro e de relações com investidores da CCR.
“A competição depende muito da rodovia e do nível de complexidade. Nossa visão é que ativos menores, com impacto menor no portfólio da CCR, muitas vezes acabam tendo maior competição. Já quando olhamos ativos que realmente fazem diferença para empresas como CCR, que trazem valor e diferencial, aí sim a competição é mais limitada. Ativos como Dutra, BR-381, Paraná, são ativos com complexidade de engenharia, investimento, estruturação”, afirma.
No segmento de mobilidade urbana, o nível de concorrência também é mais limitado no geral, diz ele.
“À medida que temos tido crescimento e ganho, temos tido sinergias operacionais, o que outros não tem hoje no Brasil. Acredito que isso vai continuar nos posicionando como possível vencedor de novos projetos”, afirmou.
No setor de aeroportos, a prioridade da CCR será a sétima rodada de aeroportos, que está sendo estruturada pelo governo federal e deverá incluir as “joias da coroa”, como Congonhas e Santos Dumont. O leilão do aeroporto de Pampulha, que será realizada pelo governo mineiro em outubro deste ano, está no radar, mas é menor.
A expectativa da CCR é que o próximo leilão de aeroportos tenha uma concorrência mais acirrada do que a vista na sexta rodada, na qual a empresa saiu vencedora de dois blocos regionais de aeroportos.
“Na sexta rodada, a competição foi bastante limitada, sem a presença dos atores que foram os grandes vencedores no passado. Com recuperação da atividade econômica no mundo e o passar da pandemia, alguns desses grupos, que no passado foram agressivos em seus lances, imaginamos que estarão em posição mais confortável e podem voltar a atuar na sétima rodada. Também será possível que investidores financeiros venham a participar. Pode haver mais e diferentes competidores”, afirmou Waldo Perez.
Apesar disso, ele acredita que a companhia conseguirá ser competitiva. “Fundos em geral demandam taxas de retorno altas, isso nos dá mais conforto. E as sinergias com a malha atual da CCR nos colocarão em posição competitiva para a sétima rodada”, disse.
A possibilidade de uma recompra de ações está no radar da CCR, mas a prioridade neste momento é usar o caixa para crescimento. “Nosso balanço continua robusto, com alavancagem adequada e isso nos dá flexibilidade muito grande e nos faz pensar em várias alternativas. Mas hoje o pipeline de projetos é enorme, são oportunidades muito interessantes, que, se vencermos os leilões, demandarão um nível relevante de capital. Nossa prioridade é crescimento e focar o caixa nesse uso”, afirmou.
Os reequilíbrios contratuais decorrentes dos impactos provocados pela pandemia seguem em negociação, segundo Perez. No setor rodoviário, a empresa já protocolou pleitos de reequilíbrio da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e na Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp). “Ambos estão em fase de análise e devem estar voltando em breve conosco”, disse.
Em aeroportos, a CCR também negocia um reequilíbrio adicional. “Vale ressaltar que, além do reequilíbrio, o BNDES tem dado um ‘stand still’ por mais seis meses, o que tem ajudado o fluxo de caixa.”