Plantio de soja no Brasil é o mais lento em 14 anos e ameaça segunda safra de milho

O plantio de soja da safra 2023/24 no Brasil atingiu apenas 74,69% da área projetada até a última sexta-feira (24). Segundo a consultoria Pátria AgroNegócios, este é o ritmo mais lento registrado desde 2009.

A falta de chuvas no Norte e Nordeste e o excesso de precipitações no Sul são os principais fatores que atrasam o plantio. Nesta mesma época do ano passado, 88,28% da área já havia sido plantada e a média de cinco anos para o período é de 87,38%.

"O fator de atenção desta semana fica para a desaceleração abrupta do ritmo nacional", afirmou o diretor da consultoria, Matheus Pereira, em nota. "Pelo atraso do plantio no Norte e Nordeste e os excessos no Sul, o ritmo regional segue lento, distanciando a evolução nacional de 2024 para o menor patamar desde 2009."

Pereira destacou que a tecnologia de plantio melhorou bastante desde 2009, o que indica que a situação atual é mais preocupante. "Em outras palavras, o atraso atual comparado com 2009 denota um cenário de muita preocupação diante da janela hábil de plantio da segunda safra de milho brasileiro", disse.

A segunda safra de milho é plantada após a colheita da soja e é responsável por cerca de 70% da produção brasileira. Quanto mais tardio o plantio, maiores as chances de problemas climáticos, como geadas e secas, prejudicarem a produtividade. "Toda soja do Centro-Oeste e Tocantins semeada após o dia 1 de novembro já entra num calendário que inviabiliza o plantio do milho segunda safra dentro da janela ideal, que encerra dia 20 de fevereiro para a região", afirmou Pereira.

O atraso no plantio de soja também pode afetar as exportações brasileiras. O Brasil é o maior exportador de soja do mundo e o atraso no plantio pode levar a uma redução da oferta global do produto, o que poderia pressionar os preços.