O dólar opera com viés de baixa nos negócios desta sexta-feira, enquanto os juros futuros têm leve alta, à medida que os investidores ponderam os sinais positivos vindos do exterior, o acúmulo de riscos fiscais e políticos domésticos e os números acima do esperado do Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil (IBC-Br).
Pouco depois de 9h50, o dólar comercial cedia 0,37%, para R$ 5,2370.
No exterior, segue como pano de fundo dos mercados a continuidade de estímulos monetários pelos principais bancos centrais, com possíveis retiradas de liquidez apenas de forma gradual, e o crescimento saudável das economias.
Nos juros, as taxas futuras registravam avanços ao longo de toda a curva a termo, conforme agentes financeiros seguiam repercutindo as incertezas políticas e fiscais e os dados acima do esperado do IBC-Br de junho, dado mais relevante da agenda de indicadores do dia.
Oo juro do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 passava de 6,58% no ajuste anterior para 6,60% e o do DI para janeiro de 2023 avançava de 8,25% para 8,315%; o do contrato para janeiro de 2025 tinha alta de 9,24% para 9,32% e o do DI para janeiro de 2027 escalava de 9,63% para 9,72%.
O IBC-Br, considerado uma 'prévia' do PIB, subiu 1,14% na comparação mensal, bem acima da mediana captada pelo Valor Data, de 0,5%. Na base anual, o indicador cresceu 9,07%.
“Continua visível o mal-estar dos investidores com o acúmulo de informações negativas advindas dos campos político, institucional e fiscal”, diz a Renascença, em relatório.
A corretora nota que, a decisão da noite de ontem do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes de determinar a abertura de novo inquérito contra o presidente Jair Bolsonaro, depois que o presidente divulgou em suas redes sociais documentos sigilosos de investigação da Polícia Federal (PF), é um novo fator que contribui com a piora de percepção de risco implícita na curva de juros brasileira.
Nesta sexta-feira, a PF cumpriu mandado de prisão preventiva do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), aliado de Bolsonaro. A prisão foi determinada por decisão de Moraes. A suspeita é de que Jefferson participava de suposta milícia digital que atacava as instituições democráticas brasileiras. Também estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao petebista.
Além disso, também permanecem em cena o temor sobre o futuro das contas públicas, com foco na proposta de reforma do Imposto de Renda (IR), cuja votação na Câmara dos Deputados foi adiada por duas vezes nesta semana; na pendente Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios e na indefinição acerca do tamanho do novo Bolsa Família. O receio é de que o teto de gastos, que limita as despesas públicas, venha a ser flexibilizado ou burlado.