12/08/2021 às 17h00min - Atualizada em 12/08/2021 às 17h00min

Com riscos domésticos, Ibovespa opera em queda pressionado por bancos

O Ibovespa segue em queda firme na tarde desta quinta-feira, pressionado pela queda em papéis do setor financeiro, com os agentes monitorando as incertezas relacionadas à reforma tributária e às questões fiscais do país.

Perto de 15h45, o Ibovespa operava em queda de 0,86%, aos 121.006 pontos, após mínima em 120.534 pontos.

Profissionais do mercado relatam desconforto com o novo adiamento da reforma do Imposto de Renda (IR), anunciado nesta tarde pelo presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira (PP-AL).

Com a indefinição, as ações do setor financeiro operam em queda firme hoje. Os papéis PN do Itaú recuavam 1%, Bradeco PN cedia 1,62%, Banco do Brasil ON recuava 1,81%, BTG Units cediam 2,64% e as units do Banco Inter declinavam 5,25%, também pressionadas pelos resultados trimestrais.

Investidores também vão penalizando outras ações de companhias que divulgaram resultados do segundo trimestre, como a Ultrapar ON, que declinava 12,56%, Via ON, que recuava 5,07%, e B3 ON, que operava em queda de 6,45%.

Além disso, permanecem as incertezas relacionadas ao pagamento dos precatórios e o valor do benefício que irá substituir o Bolsa Família. De acordo com a XP Investimentos, o risco fiscal recrudesceu com a discussão da reforma tributária, com o expressivo aumento das despesas com precatórios e com o desejo do governo de expandir o programa Bolsa-Família.

Na avaliação da instituição, o maior risco reside na tramitação da PEC que altera a forma da União pagar precatórios, já que o Congresso pode aproveitar o momento para para alterar a regra do teto e elevar excessivamente o espaço para acelerar gastos correntes, tornando a política fiscal mais expansionista do que o previsto. Outro fator de cautela é a reforma do imposto de Renda, também em tramitação no Congresso, que propõe uma redução importante de alíquotas para pessoa jurídica.

“A expansão fiscal excessiva acabaria tendo reflexos sobre a inflação e a política monetária, por dois canais. Em primeiro, manteria o consumo interno aquecido, abrindo espaço para que o choque de inflação corrente se dissemine para o ano que vem. Em segundo, traria uma deterioração da percepção de risco-país, levando a uma taxa de câmbio mais depreciada”, afirmam os economistas e estrategistas da instituição.

Caso concretizados, os riscos, na visão da XP Investimentos, podem elevar a taxa terminal da Selic de modo expressivo. “Projetamos a taxa Selic em 7,25%, levemente acima do patamar considerado neutro. Mas se o risco de deterioração fiscal se materializar, nossas simulações sugerem uma taxa básica acima de 9,0% ao final do ciclo de ajuste monetário”, concluem.

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