19/09/2023 às 09h29min - Atualizada em 19/09/2023 às 09h29min

El Niño tem 95% de chance de continuar até março de 2024, aponta CPC

Volumes de chuva aumentaram significativamente no Sul do País devido ao fenômeno

- Da Redação, com Canal Rural e Cepea
Foto: Freepik
O Centro de Previsão do Clima (CPC) vinculado ao Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos prevê que o fenômeno El Niño continuará influenciando o clima até março de 2024, com uma probabilidade superior a 95%.
 
Segundo o CPC, em agosto, as temperaturas da superfície do mar no Oceano Pacífico equatorial estiveram acima da média, com um fortalecimento notável na região central e leste-central. O órgão também indica uma probabilidade de 71% de que o El Niño se torne "forte", destacando que isso nem sempre resulta em impactos significativos, mas alerta para variações nas diferentes regiões.
 
O El Niño provoca um aumento nas temperaturas da superfície do oceano no Pacífico central e oriental, podendo desencadear eventos climáticos extremos, como incêndios florestais, ciclones tropicais e secas prolongadas. Esses eventos ocorrem a cada 2 a 7 anos, durando de 9 a 12 meses. O fenômeno atual chegou mais cedo este ano, levando a Organização Meteorológica Mundial a alertar para possíveis recordes de temperatura e condições climáticas extremas.
 
O último El Niño forte ocorreu em 2016, considerado o ano mais quente já registrado.
 
Marcelo Seluchi, coordenador-geral de Operações e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, aponta o El Niño como um dos fatores que afetam o clima no Rio Grande do Sul. Ele alerta que o fenômeno ainda não atingiu sua intensidade máxima e não descarta ocorrências semelhantes nos próximos meses.
 
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, os volumes de chuva aumentaram significativamente no Sul do País devido ao El Niño. A região de São José do Norte (RS) foi uma das mais afetadas até o momento, com cerca de 400 mm de chuva apenas na primeira quinzena de setembro, levando a perdas de até 50% das lavouras de cebola.
 
O El Niño apresenta efeitos distintos na América do Sul, com chuvas intensas no Sul e condições secas no Norte/Nordeste. Durante o fenômeno, o Sul do Brasil recebe precipitações frequentes e volumosas devido às frentes frias, enquanto o Norte/Nordeste enfrenta um período de estiagem devido às mudanças nas massas de ar quente e frio. Isso também afeta a movimentação das frentes frias, que se deslocam mais para o Sul durante o El Niño.
 
Marcelo Seluchi destaca que "Em anos de El Niño, observa-se um aumento na frequência de frentes frias estacionando sobre a região Sul". Isso se deve ao aquecimento próximo ao Equador, que intensifica os jatos de vento na alta atmosfera, influenciando o comportamento das frentes frias e resultando em maior quantidade de chuvas na região Sul devido a essa alteração na dinâmica atmosférica.
 
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