Depois de zerar toda a alta exibida ao longo na reta final do pregão, a bolsa brasileira resgatou o sinal negativo observado durante parte da manhã, mas encerrou o dia praticamente no “zero a zero”. Após ajustes, o Ibovespa fechou com leve baixa de 0,12%, aos 122.056 pontos, movimentando quase R$ 30 bilhões, tendo oscilado entre os 122.756 pontos, na máxima, e os 120.827 pontos, na mínima.
O movimento da renda variável ocorreu apesar dos ganhos acelerados nas ações de Petrobras (+1,59% nas ON; +1,49% nas PN) e dos bancos (Itaú Unibanco PN: +1,01%; Bradesco PN: +0,47%), bem como do sinal positivo vindo das bolsas de Nova York, onde o índice Dow Jones subiu 0,62% e o S&P 500 cresceu 0,25%. Vale, por sua vez, caiu 0,70% e pesou nos negócios locais.
Como pano de fundo, os investidores monitoraram o cenário político em Brasília. O chefe de renda variável da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno, explica que, assim como ontem, o ambiente político reduziu o ímpeto da bolsa brasileira hoje, com o risco fiscal deixa o mercado doméstico desconfortável. Para ele, a discussão em torno da PEC dos Precatórios, que pode sepultar a “regra de ouro”, se sobrepõe à reforma tributária.
“A taxação de dividendos é mais fácil de prever, é matemática simples. É só fazer conta”, diz. Para o gestor da Veedha, o problema é que o risco fiscal afugenta os investidores, estrangeiro, principalmente. “Lá atrás, quando a regra de ouro foi criada, recolocou o Brasil no cenário internacional para investimentos, dando segurança ao investidor. Agora, volta a imagem de perda de controle dos gastos públicos e aumento do endividamento”, explica.
Além disso, operadores das mesas de renda variável comentam que a bolsa brasileira tem mostrado uma falta de tendência já há algumas sessões o que, segundo eles, reflete a proximidade do vencimento de índice futuro, previsto para a semana que vem. Os profissionais também chamam a atenção para a redução da volatilidade do Ibovespa, o que reforça o comportamento errático do índice à vista.
Levantamento feito pelo Valor Data mostra que a volatilidade do índice à vista neste mês de agosto até ontem estava em 12,82%, na taxa anualizada, bem abaixo do verificado no mês passado (19,12%) e também no acumulado do ano (19,74%) e nos últimos 12 meses (20,77%), até a mesma data. O cálculo da volatilidade implícita do Ibovespa é importante para mensurar a tendência do movimento do índice à vista.
Graficamente, o time de análise técnica do Itaú BBA afirma que o Ibovespa segue em tendência de baixa e vem testando o suporte em 121,5 mil pontos. “Se perder essa região, o índice abrirá caminho para seguir em direção aos suportes em 119,4 mil pontos e 117,6 mil pontos, região por onde passa a média móvel de 200 dias (MM200), aproximadamente nos 117 mil pontos”, comenta a equipe do analista Fábio Pereira, em relatório.
Entre as ações, destaque para o tombo de 15,57% de Qualicorp ON, refletindo o recuo de 28% no lucro líquido no segundo trimestre deste ano bem como a piora no preço-alvo para o papel promovida pelo BTG Pactual. Para o banco, “a estratégia da Qualicorp ainda precisa ser comprovada e validada”. Na outra ponta, Minerva ON lidera as altas, saltando 14,65%, diante das perspectivas mais positivas para o frigorífico neste semestre, após a queda de 54% no lucro no trimestre passado.