O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), classificou nesta quarta-feira como “deplorável” o apoio de deputados federais de seu partido à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Voto Impresso, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro. Na bancada do PSDB na Câmara, foram 14 a favor e 12 contra, além de uma abstenção, do deputado Aécio Neves (MG). Cinco parlamentares tucanos não votaram.
Doria lamentou a decisão dos que apoiaram a proposta e elogiou a bancada paulista, que votou contra. “Considero deplorável, seja quem for, de qual partido [for], apoiar o governo Bolsonaro nessa iniciativa do voto impresso”, declarou Doria, em entrevista à imprensa.
A PEC do Voto Impresso foi derrotada no plenário da Câmara na terça-feira à noite. Ao todo, oram 229 a favor do texto, 218 contra e uma abstenção. Por se tratar de uma mudança na Constituição, era necessário o apoio de ao menos 308 dos 513 deputados.
Horas antes da votação, o PSDB havia fechado questão contra a proposta. A Executiva Nacional poderá punir quem votou de forma divergente à orientação.
Pré-candidato à Presidência da República, Doria afirmou que o voto eletrônico tem se mostrado eficiente e seguro contra violações e lembrou que em 2014 o PSDB fez uma auditoria no sistema de votação e não encontrou provas de fraude.
“Não constatou absolutamente nada e entendeu que a urna eletrônica é inviolável”, disse o governador. Em 2014, Aécio Neves era presidente nacional do PSDB e contestou o resultado das urnas depois de ter sido derrotado na disputa presidencial por Dilma Rousseff (PT). Nem o PSDB nem a Justiça Eleitoral encontraram problemas na apuração dos votos.
O modelo proposto pela PEC consistia em imprimir o voto registrado na urna eletrônica. O comprovante seria colocado numa urna para posterior verificação, o que também preocupava a Justiça Eleitoral em razão do risco de fraudes com o manuseio do papel.
Doria afirmou ainda que não há razão para mudar o voto eletrônico. “Principalmente, porque a índole que estimulou o governo federal, o governo Bolsonaro a tentar mudar não foi a índole de proteger a democracia nem de proteger o voto. Ao contrário, foi o de colocar em dúvida o processo democrático. Eu lamento que parlamentares do meu partido tenham tido essa posição”, afirmou.
O tucano está em pré-campanha dentro do PSDB em busca de apoio para disputar as prévias que escolherá o próximo candidato presidencial, em novembro.