11/08/2021 às 13h00min - Atualizada em 11/08/2021 às 13h00min

Ibovespa se descola do exterior e recua com foco em incertezas domésticas

O Ibovespa opera em direção contrária às principais bolsas globais nesta quarta-feira, com investidores emitindo sinais de desconforto com um conjunto de fatores que afastam a demanda por risco. Entre eles, são citados por profissionais as incertezas relacionadas à reforma do Imposto de Renda (IR) e os dados mais fracos do que o esperado de vendas no varejo no país, além dos riscos políticos e fiscais que vêm crescendo nos últimos dias.

Pouco depois de 12h50, o Ibovespa operava em queda de 0,57%, 0,24%, aos 121.906 pontos, após mínima de 120.827 pontos. Nas máximas, oscilou positivamente aos 122.530 pontos. O giro financeiro era de R$ 9,16 bilhões, com volume projetado para R$ 23,61 bilhões no fim do dia.

No mesmo horário, na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), o Dow Jones subia 0,44%, enquanto o S&P 500 tinha ganhos de 0,03%.

Operadores relatam que fatores domésticos voltam a contribuir negativamente para o desempenho das ações locais. Nesta madrugada, o deputado Celso Sabino (PSDB-PA) apresentou seu relatório da reforma do Imposto de Renda com importantes alterações. O texto, que pode ir à votação hoje, traz um corte menor na alíquota do IR das empresas (IRPJ) do que o originalmente previsto por ele e também reduz a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL).

"A votação do IR pode gerar uma repercussão maior no mercado hoje, à medida que for se desdobrando ao longo do dia. O mercado não gosta muito das notícias de aumento de tributação para a renda variável, mas já está um pouco no preço", afirma a operadora de renda variável da B.Side Investimentos, Viviane Vieira.

Segundo ela, os resultados corporativos vêm surpreendendo positivamente as expectativas, mas a bolsa local tem encontrado obstáculos em sua trajetória de valorização devido aos riscos políticos que cresceram recentemente. "Isso tem gerado muita volatilidade para a bolsa, que vem se mantendo nessa tendência lateral nos últimos dias", afirma.

No cenário macroeconômico local, as vendas no varejo recuaram 1,7% no mês de junho. O dado ficou bem abaixo da mediana das estimativas de crescimento de 0,7% dos analistas consultados pelo Valor Data. O varejo ampliado, por sua vez, caiu 2,3% em junho ante maio, também abaixo das projeções dos analistas, que esperavam queda de 1,8%.

"O varejo decepcionou hoje e eu acho que, com isso, o mercado ficou menos otimista. Acredito que todos estavam confiantes que veríamos uma retomada rápida já no terceiro trimestre, mas os números não confirmaram essa visão. Devemos ter mais alguns meses de banho maria", afirmou Aldo FIlho, analista da Aware Investments.

Assim, o setor de varejo na bolsa recuava de maneira ampla nesta quarta-feira, como Lojas Renner e Magazine Luiza.

Além disso, a PEC dos precatórios, que parcela as dívidas decorrentes de decisão judicial, também traz certo desconforto, já que, segundo alguns participantes do mercado, na prática, anula a regra de ouro - norma fiscal que impede o governo de se endividar para pagar despesas correntes.

“Lá atrás, quando a regra de ouro foi criada, recolocou o Brasil no cenário internacional para investimentos, dando segurança para o investidor. Agora, não tem mais isso e volta a passar a imagem de perda de controle dos gastos públicos, o que se reflete no aumento do endividamento”, explica o chefe de renda variável da Veedha Investimentos, Rodrigo Moliterno.

Por fim, segundo analistas, o aumento de 3,5% nos preços da gasolina que a Petrobras vai praticar a partir de amanhã em suas refinarias também eleva o temor de alta nas pressões inflacionárias. Petrobras ON ganhava 0,43% e Petrobras PN avançava 0,57%. Vale ON perdia 0,39%.

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