11/08/2021 às 13h00min - Atualizada em 11/08/2021 às 13h00min

Pessoas físicas aplicam R$ 4,423 tri no mercado de investimentos no 1º semestre, alta de 6,3%

O volume aplicado pelas pessoas físicas no mercado de investimentos cresceu 6,3% no primeiro semestre e alcançou R$ 4,423 trilhões, segundo a Anbima, que representa o mercado de capitais e de investimentos. O movimento foi puxado por uma captação recorde dos fundos de investimentos, de R$ 206 bilhões no período. Houve também incremento da fatia alocada em renda variável, de 19,8% para 22,6%. O Ibovespa subiu 6,5% no acumulado de janeiro a junho.

No varejo tradicional e alta renda, o volume atingiu R$ 2,655 trilhões, com alta de 4,6% desde dezembro e de 28,6% em 12 meses. Os fundos representavam R$ 706,2 bilhões desse bolo, com R$ 968,5 bilhões em títulos e valores mobiliários e R$ 980,5 bilhões na poupança. A parcela na caderneta caiu de 38,8% para 36,9% de dezembro para cá, enquanto as aplicações em CDB aumentaram de 16,8% para 17,2%.

Em fundos de renda fixa, a proporção caiu de 14,4% para 13,3% e em ações subiu de 7,2% para 8,1%. Os multimercados também ganharam representatividade, de 6,8% para 7,5%.

No private banking, os valores sob gestão cresceram 8,8% no semestre, a R$ 1,768 trilhão, com aumento de 35,4% em 12 meses. Os fundos alcançaram R$ 779,3 bilhões, ações R$ 515,9 bilhões, e os ativos de renda fixa R$ 309,6 bilhões. Nessa segmentação, a previdência atingiu R$ 149,7 bilhões.

Na distribuição, compras diretas em ações cresceram de 26,3% para 29,2% e via fundos aumentou de 8% para 9,6%. Multimercados perderam participação, de 29,2% para 28,1%, enquanto a fatia na previdência recuou de 9,4% para 8,5%. A parcela em fundos de renda fixa também caiu, de 5,5% para 4,6%.

Houve um aumento do número de instituições que reportam seus números à Anbima periodicamente. No varejo, passou de 50 para 73 e no private de 15 para 18. Não fosse isso, a expansão total seria um pouco menor, de 5%, mas sem alterar a tendência.

Renda fixa ganha importância

Com o ciclo de aumento de juros e projeções de que a Selic alcance a marca dos 7% a 8% no fim do ano, a renda fixa tende a ganhar importância na carteira dos investidores, segundo José Ramos Rocha Neto, presidente do fórum de distribuição da Anbima. Desde janeiro, a taxa básica da economia já subiu do piso histórico de 2% para 5,25% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada.

“Quando isso acontece tem um ‘trade off’ com a renda variável, é um caminho natural, a gente percebe que já vem acontecendo”, disse Rocha ao comentar os dados de distribuição no varejo e no private banking no primeiro semestre. O recente desempenho do Ibovespa, respondendo à expectativa de um cenário fiscal mais frágil, com aumento de gastos e instabilidade na cena política reforçam esse movimento. “Se esse cenário persistir, a tendência é que a renda fixa volte a ter participação maior nas carteiras e a renda variável não tenha o mesmo destaque do primeiro semestre.”

No varejo tradicional e de alta renda, que atingiu volume de R$ 2,655 trilhões, as aplicações em CDB aumentaram de 16,8% para 17,2% de dezembro para cá. Em fundos de renda fixa ainda há um decréscimo de 14,4% para 13,3%, enquanto aplicações diretas em ações ganharam participação, de 7,2% para 8,1%. Os multimercados saíram de uma fatia de 6,8% para 7,5%.

A caderneta de poupança perdeu participação relativa, de 38,8% para 36,9% no primeiro semestre, mas permanece na liderança, com R$ 980,5 bilhões investidos. No primeiro semestre houve uma ligeira queda de 0,3%, mas em 12 meses ainda há um crescimento de 12,6%. Segundo Rocha, nessa base ainda há influência do pagamento do auxílio emergencial durante a pandemia, feito por meio de contas de poupança para quem não era bancarizado. Ele também atribui a fatores culturais o fato de mais um terço das reservas financeiras do brasileiro estarem na caderneta.

“Apesar do tíquete médio muito baixo, o que demonstra de fato a predominância no varejo, a gente vê claramente grandes investidores em poupança, inclusive os de alta renda e do private”, comentou Rocha. “Não se pode deixar de associar a questão cultural da segurança do produto e o link com o Plano Cruzado, o movimento de bloqueio em que o recurso da poupança teve a sua preservação, isso ficou na memória do brasileiro.”

Ele acrescentou que, para valores muito baixos, deixar o dinheiro na caderneta ou num CDB que pague o dobro acaba não tendo muita diferença nos ganhos em valores absolutos. “À medida que a economia cresce e aumenta os recursos gerados, o cliente evolui na sua jornada de vida, passa a acumular mais reservas técnicas e criando o espírito de busca por novos ativos, com pouco mais apetite a risco, com mais investimentos em fundos, saltando para o mundo novo, mas sempre com uma reserva [na poupança] que ele não se quer abrir mão. Algumas pessoas ainda guardam dinheiro debaixo do travesseiro, do colchão.”

A evolução da distribuição dos volumes financeiros aplicados pela pessoa física mostra a predominância do Sudeste, com 68,8% do bolo, com alta de 7,3% de janeiro a junho, a R$ 3,038 trilhões. Mas crescimento mais acelerado veio do Centro-Oeste, de 9,2%, a R$ 221,3 bilhões, elevando levemente a participação relativa de 4,9% para 5%. As demais regiões apresentaram expansão da ordem de 3%.

A Anbima não faz a distinção por segmento, mas Rocha acredita que o crescimento tenha vindo tanto do varejo e alta renda quanto do private banking. “O que se percebe é que tem muita associação com o PIB. O Centro-Oeste é destaque por causa do agronegócio, é a região que tem cada vez mais incremento nos últimos anos”, diz. “As pessoas acabam tendo mais reservas para os seus investimentos, enquanto o Sudeste é a grande concentração do PIB no país. A economia no primeiro semestre reagiu, e a gente percebe o reflexo disso no mundo dos investimentos com certa pulverização no país e um pouco mais concentrado no Centro-Oeste e no Sudeste.”

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