10/08/2021 às 17h00min - Atualizada em 10/08/2021 às 17h00min

Juros futuros recuam em reação à ata do Copom

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), reforçando o comprometimento do Banco Central com a ancoragem da inflação nas metas de 2022 e 2023 e a manutenção do plano de voo de elevação de 1 ponto percentual em setembro, foi a principal responsável pelo recuo dos juros futuros nesta terça-feira (10).

A combinação da postura dura no combate às persistentes pressões inflacionárias sem necessariamente acelerar a dose de alta forneceu, durante toda a sessão de hoje, viés de queda às taxas futuras ao longo da curva a termo, mas principalmente na porção curta.

Finalizado o pregão regular, às 16h, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 caiu de 6,52% no ajuste anterior para 6,49%; a do DI para janeiro de 2023 recuou de 8,22% para 8,105%; a do contrato para janeiro de 2025 anotou baixa de 9,12% para 9,04% e a do DI para janeiro de 2027 diminui de 9,51% para 9,44%.

A ata do Copom não trouxe grandes alterações em relação ao tom já adotado pelo colegiado na semana passada. O documento, na avaliação de analistas, reforçou o compromisso com a meta de inflação no horizonte relevante e mostrou a autoridade monetária mais preocupada com os riscos fiscais e em suas implicações no balanço de riscos para a inflação. Na avaliação do Citi, a ata “corrobora nossa expectativa de que a Selic deverá ser elevada continuamente até 7,5%, no fim do ano, mas os riscos a nossas projeções são claramente de juros mais altos”.

Durante a tarde, o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra Fernandes, participou de evento onde fez declarações semelhantes ao tom da ata do Copom. Ele apontou que a autoridade monetária tem ajustado o grau de aperto conforme a piora do cenário inflacionário e reforçou que o BC fará o necessário para entregar a inflação na meta no horizonte relevante.

Na ausência de novidades na ata e no discurso de Serra, o mercado se voltou aos números de julho do IPCA e, sem uma nova surpresa inflacionária, como ocorreu nos últimos dias com outros dados de inflação, o mercado viu oportunidade para algum alívio nas taxas futuras.

“Com a retomada econômica e a volta da mobilidade social, a atenção do mercado se volta para os núcleos da inflação e para os grupos que têm maior correlação com o nível de atividade do que para o IPCA propriamente dito”, apontam os economistas da CM Capital Markets. Para eles, esses movimentos, que começam a experimentar os primeiros resultados da volta à normalidade da economia, “tendem a contribuir para a inflação mais elevada e podem demandar do BC ajustes mais fortes da política monetária”. A CM projeta a Selic em 8,5% no fim do atual ciclo.

Vale apontar que a apresentação da PEC dos Precatórios gerou alguma volatilidade nos mercados, especialmente durante a manhã desta terça, mas a manutenção de uma parte dos pagamentos dentro do teto de gastos trouxe algum alívio ao mercado, embora mais concentrado nos vértices curtos e intermediários da curva. A ponta longa, por sua vez, também se ajustou em queda, mas em um ritmo menos intenso, já que os riscos relacionados ao Orçamento de 2022 ainda continuam sobre a mesa.

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