O governador de Nova York, o democrata Andrew Cuomo, anunciou nesta terça-feira que deixará o cargo em meio a acusações de assédio sexual e conduta sexual imprópria feitas por 11 mulheres. Ele declarou que, após um período de transição de 14 dias, entregará o governo do Estado à vice-governadora, Kathy Hochul.
A renúncia de Cuomo já havia sido pedida pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e outras importantes figuras do Partido Democrata, como a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer.
Em entrevista coletiva no último dia 4, a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, disse que “depoimentos e evidências revelaram um quadro profundamente perturbador, mas claro: o governador Cuomo “assediou sexualmente atuais e ex-funcionárias estaduais, violando leis federais e estaduais”.
Em um primeiro momento, o democrata disse lamentar que seu comportamento tenha sido “mal interpretado como um flerte indesejado”. Nos últimos meses, porém, ele havia adotado uma postura mais combativa, dizendo que não fez nada de errado e questionando as motivações das acusadoras e de críticos.
Em pronunciamento transmitido ao vivo, Cuomo disse "assumir totalmente" a responsabilidade por suas condutas, mas negou que elas tivessem qualquer "intenção sexual". O governador, de 63 anos, rejeitou as acusações e afirmou nunca ter tido a intenção de desrespeitar as mulheres. Ele criticou o que chamou de "ataque politicamente motivado" e admitiu que sua permanência no cargo exporia o Estado a meses de turbulência.
"Não quero e não posso ser a causa disso", afirmou. “Entendo que a melhor maneira de ajudar agora é me afastando do governo."
Segundo investigadores citados pela agência Associated Press, Cuomo submeteu as mulheres a beijos indesejados; apalpou seus seios ou nádegas ou os tocou de forma inadequada. Ele também fez comentários insinuantes sobre a aparência e vida sexual delas e criou um ambiente de trabalho “repleto de medo e intimidação”.
Ex-procurador-geral de Nova York, Cuomo assumiu o cargo de governador em janeiro de 2011 e foi reeleito duas vezes, em 2014 e 2018. Em 2020, foi elogiado pelo combate à pandemia de covid-19.
O escândalo interrompe não apenas a carreira do político, mas também uma dinastia: o pai dele, Mario Cuomo, foi governador do Estado nas décadas de 1980 e 1990.