O CEO do BTG Pactual, Roberto Sallouti, disse nesta terça-feira (10), em teleconferência com analistas, que os níveis de captação da instituição seguirão elevados, por meio de investimento em tecnologia, marketing e aquisições de novos parceiros. Mas, segundo ele, “talvez não consiga bater o que foi no segundo trimestre” de 2021.
O BTG Pactual obteve recorde de captações entre abril e junho deste ano com R$ 98 bilhões em “net new money” (NNM), sendo R$ 44 bilhões em asset management e R$ 54 bilhões em wealth management. Tanto em wealth management quanto na asset, as captações chegaram a quase R$ 130 bilhões em 12 meses. Ele espera que na asset continue neste nível no próximo período.
“Mercado de asset deve começar a demandar muito investimento alternativo”, disse o executivo.
O diretor-executivo financeiro do BTG, João Dantas, espera que a receita da área de sales & trading, que teve forte contribuição das receitas totais da instituição no segundo trimestre, deve continuar avançando, mas não no mesmo ritmo.
A receita de sales & trading atingiu R$ 1,255 bilhão entre abril e maio, uma alta anual de 23%, impulsionado pelas mesas de câmbio e ações. E com o menor nível de alocação de risco da sua história (VaR de 0,25%, 36,4% menor que o primeiro trimestre de 2021), indicando “forte atividade da franquia de cliente”.
“A receita recorrente da área agora é de R$ 1 bilhão , mais ou menos 20% ”, disse Sallouti. Ele também destacou a atividade de investment banking, dando ainda mais ênfase que deve seguir “muito forte no segundo semestre deste ano”. A área teve alta anual de 209% na receita do segundo trimestre, atingindo R$ 685 milhões, com forte contribuição de todas as linhas de negócio, em especial dívida (DCM) e ações (ECM). O banco participou de 66 operações no período, ante 47 no primeiro trimestre e 22 no segundo trimestre do ano passado.
“Financial Advisory teve performance melhor comparada ao trimestre anterior. Pipeline de M&A [fusões e aquisições, na sigla em inglês] permanece forte para frente”, disse o CEO.
Dantas destacou o crescimento da carteira de crédito no segundo trimestre, de boa qualidade e com spreads considerados estáveis. Sallouti acrescentou que “neste trimestre ficou comprovada mudança de patamar de nossas franquias e clientes”. “Tivemos recorde de captação em gestão de recursos e fortunas; temos mais de meio trilhão em ativos que pagam taxas”, complementou.
Dantas espera que as pequenas empresas representem 20% no total da carteira do banco no futuro próximo. Hoje, essa participação é de cerca de 16%. Ele destacou que espera atingir este patamar por meio da diversificação de produtos e serviços a serem oferecidos.
Basicamente, as linhas de crédito oferecidas as PME pelo BTG hoje são de antecipação de recebíveis e desconto de duplicatas, que possuem baixa inadimplência - apesar do banco não divulgar qual é essa taxa. Dantas explicou que estão já testando com alguns clientes a conta corrente para PMEs, semelhante ao BTG+ que atende pessoas físicas, principalmente no varejo alta renda.
“Com maior visibilidade sobre esses negócios, podemos expandir os produtos [mais linhas de crédito]”, disse. O portfólio de PMEs somou R$ 14,1 bilhões no trimestre, um crescimento anual de 142%.
Dantas descartou também planos de fechar o capital do Banco Pan, agora que o BTG tem maior controle da instituição (71,7% do total de ações). “Vamos manter as operações independentes, com uma base de clientes sem conflito com a nossa. Queremos que eles continuem contando a história deles, com nosso apoio”, afirmou aos jornalistas.
Dantas disse que seu banco digital para pessoa física, o BTG+, se consolidou como a melhor plataforma para o varejo de alta renda. Segundo ele, este é um resultado de investimentos feitos ao longo do ano.
O executivo destacou a expansão de ofertas de produtos no período com cartão de crédito adicional, débito automático e um sistema de gestão de gastos por meio de inteligência artificial, chamado de Finanças+. “Estamos agora em fase de teste da conta corrente para PJ, como foco em pequenas e médias empresas”, disse Dantas.
De acordo com ele, a intenção é melhorar o relacionamento que já existe com essas companhias na carteira de crédito, principalmente no recebíveis de cartão de crédito e desconto em duplicatas. O portfólio expandido de crédito corporativo e para pequenas e médias empresas (PME) atingiu R$ 97,674 bilhões, crescimento anual de 47,5%.
O portfólio de PMEs (BTG+ Business) somou R$ 14,1 bilhões no trimestre, um crescimento anual de 142%. Hoje a carteira de PME já representa 16% de todo portfólio de crédito do banco.
Sallouti afirma que que mesmo com a expectativa de aumento da taxa de juros, o cenário do mercado de capitais não muda enquanto a Selic ficar em um dígito. “Expectativas de taxas de juros têm subido, mas enquanto ficar em um dígito, financial deepening [aprofundamento do mercado de capitais] não para”, diz Sallouti. De acordo com o executivo, o que pode mudar é o fluxo dos recursos, mas a tendência da busca pela diversificação permanece.
Na visão de Sallouti, o que mais preocuparia seria o não cumprimento das regras de responsabilidade fiscal pelo governo federal. “Temos muito barulho, mas a responsabilidade fiscal tem sido mantida”, afirmou a analistas, em teleconferência realizada na manhã desta terça-feira.
Sobre o cenário de déficit hídrico, o executivo comentou que isso deve continuar afetando os preços de energia, mas não acredita que terá um impacto muito significativo na economia. “Não estamos achando que vai chegar nesse ponto.”