O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), mostrou desconforto com o desfile de tanques de guerra nesta terça-feira, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Após ouvir uma enxurrada de críticas dos colegas da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, Bezerra admitiu “preocupação” com o episódio, mas pediu que fossem “retirados os excessos” nas declarações dos senadores.
“Estamos em trincheiras distintas, mas nós somos do Parlamento brasileiro. Eu tenho uma história nesse Congresso Nacional, eu sou subscritor da Constituinte Cidadã. Eu aposto na democracia, eu aposto no Estado de direito democrático. Por isso, é evidente que quero compartilhar as preocupações que todos aqui reverberaram, apenas, digamos assim, querendo retirar os excessos das falas que foram feitas”, disse o senador.
Na abertura dos trabalhos da CPI, o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente do colegiado, disse que o desfile das Forças Armadas é uma tentativa de intimidar oposicionistas que evidencia a fraqueza do seu governo.
“Bolsonaro imagina, com isso, estar mostrando força, mas, na verdade, está evidenciando toda a fraqueza de um presidente acuado pelas acusações de corrupção, inclusive dessa CPI”, afirmou Aziz. “E pela incompetência administrativa que provoca fome, mortes e desemprego”, completou.
De acordo com Aziz, o desfile é uma “coreografia” de Bolsonaro para tentar mostrar que tem controle das Forças Armadas. “É um absurdo inaceitável. Um ataque frontal à democracia que precisa ser repudiado”, disse. O senador ainda afirmou que o presidente rebaixou as Forças Armadas e colocou o país em uma situação vexatória.
“Bolsonaro não tem direito de usar a máquina pública para ameaçar a democracia que o elegeu”, afirmou o presidente da CPI.
Do alto da rampa do Palácio do Planalto, Bolsonaro acompanhou a passagem de tanques, caminhões e jipes militares na Esplanada dos Ministérios acompanhado dos comandantes das três Forças Armadas: Paulo Sérgio (Exército), Almir Garnier (Marinha) e Carlos de Almeida Baptista (Aeronáutica). As imagens foram transmitidas ao vivo na página de Bolsonaro no Facebook.