Empresários estão preocupados com a possível guinada à esquerda da economia do Peru. Após a posse de Pedro Castillo como novo presidente, a inflação do país registrou o maior salto em quatro anos em julho e sol peruano acelerou uma desvalorização em relação ao dólar que já vinha ocorrendo desde janeiro.
O presidente-executivo de uma empresa peruana revelou ao jornal “Financial Times” ter três preocupações: a fraqueza da moeda, a ameaça de Castillo de renegociar acordos de livre comércio e o possível impacto da nova política governamental sobre a mineração, que gera mais da metade das receitas de exportação do país.
“Exportamos principalmente para os Estados Unidos. Você pode imaginar o impacto negativo se o governo começar a interferir em acordos de livre comércio”, disse ele.
O empresário disse que suspendeu planos de investimento por temer as mudanças na política econômica, uma medida também tomada por outras companhias. Na visão dele, o ministro de Economia, Pedro Francke, não seria um moderado, mas sim “muito ideologicamente apegado à esquerda”.
Francke tem tentado desde a campanha eleitoral tranquilizar investidores e empresários sobre a linha que o governo seguirá nos próximos anos. Mas o trabalho do ministro foi atrapalhado pela escolha de Guido Bellido, visto como um esquerdista linha-dura, para o cargo de primeiro-ministro, que no Peru exerce uma espécie de coordenação dos ministérios.
Dois dias depois da posse de Castillo, o principal índice da Bolsa de Valores de Lima despencou quase 6% e o sol peruano registrou a maior queda em relação dólar em sete anos. Desde então, o mercado se estabilizou, mas as perdas ainda não foram revertidas. A moeda americana, por exemplo, continua acima da barreira psicológica de 4 sóis peruanos.
Além das políticas econômicas, investidores e a oposição temem principalmente a proposta de Castillo de convocar uma Assembleia Constituinte para escrever uma nova Carta Magna para o Peru.