Em um cenário de transformações rápidas e intensas, gestão e tecnologia são aliadas na fazenda de cria. Quando se fala em nutrição e reprodução, o planejamento correto dessas duas áreas pode melhorar, e muito, a produtividade e o lucro do negócio.
Segundo o zootecnista Bruno Pietsch C. Mendonça, diretor Comercial da Agrocria Nutrição Animal, a suplementação adequada influencia na reprodução, ou seja, o organismo da fêmea bem nutrida apresenta condição corporal ideal e está mais apto para entrar na estação de monta.
“Quanto mais cedo uma vaca emprenha, menos tempo ela fica vazia, ou seja, vaca prenhe está produzindo na fazenda. Ao contrário, fêmea sem bezerro na barriga ou ao pé é, de certa forma, improdutiva”, compara. Ele acrescenta que, se a vaca pariu em setembro e fica prenhe até dezembro, há um ganho de tempo, de forma que o ciclo reprodutivo, o ciclo financeiro e o ciclo de vida desse animal sejam mais eficientes.
Mendonça lembra que outra maneira de conseguir que a vaca entre em ciclo reprodutivo, mesmo que não tenha uma condição corporal boa, é a sincronização do cio, com o uso da inseminação artificial em tempo fixo (IATF). “Já existem protocolos que possibilitam sincronizar a vaca a partir de 30 dias do pós-parto,”, afirma.
No Brasil, os índices médios de fertilização das vacas durante uma estação de monta longa, de quatro a seis meses, são baixos, variam de 60% a 65%. “Com uma nutrição adequada, para a vaca ganhar peso, aliada ao uso de tecnologias, como a IATF, é possível elevar esses números acima de 80%”, diz Mendonça. “Isso significa uma melhoria de eficiência significativa na propriedade.”
Na opinião de Mendonça, o pecuarista deve melhorar a produção de quilos de bezerro por vaca na fazenda. “Se eu tenho uma propriedade com 100 vacas e produzo 85 bezerros e, em outra, com a mesma quantidade vacas, eu tenho somente 65 bezerros, esse número dá uma ideia da eficiência reprodutiva”, observa.
Além disso, o especialista cita um segundo ponto que potencializa o número de bezerros por vaca no ano: o peso desses animais. “No caso do desmame de 65 bezerros com cerca de 180 quilos, com uma suplementação adequada para as vacas no pós-parto entrarem no início da estação das águas com boa condição para emprenhar e ter o bezerro mais cedo, é possível elevar a média de peso ao desmame entre 210 quilos e 240 quilos”, argumenta. “Assim, além de aumentar o número de bezerros, posso, ainda, aumentar o peso.”
Conforme Mendonça, o peso do bezerro, à desmama, vai impactar toda a vida produtiva do animal, tanto na recria quanto na terminação. “Pesquisas mostram que bezerros que nascem mais cedo desmamam mais pesados, ou seja, na terminação, saem mais pesados ou bem antes dos animais mais leves. Isso significa um ganho de eficiência em todo o ciclo de produção, na cria, na recria e na engorda”, pondera.
No caso do pecuarista que faz a cria, como o bezerro é vendido por quilo, Mendonça afirma que quanto mais quilo de peso vivo, mais o produtor potencializa a receita da atividade. “Para quem faz o ciclo completo, isso significa o abate de animais mais pesados e com menos tempo dentro da propriedade”, arremata.