17/12/2021 às 09h42min - Atualizada em 17/12/2021 às 09h42min

Altas temperaturas exigem atenção na hora de alimentar o gado

Muitas tecnologias estão à disposição do pecuarista para melhorar a performance do rebanho. Uma delas é o conforto técnico, condição fundamental quando o assunto é produtividade das vacas leiteiras.

Por serem consideradas homeotérmicas, as vacas possuem uma zona de termoneutralidade que varia de 5 ºC a 29ºC, temperatura considerada ótima para a produtividade dos animais.

“Acima dessa temperatura, as vacas entram em estresse térmico pelo calor e, abaixo, pelo frio. Se sair da sua zona de termoneutralidade, o sistema termorregulador do animal é acionado, com o objetivo de capturar (estresse pelo frio) ou dissipar (estresse pelo calor) calor”, explica a zootecnista ecoordenadora técnica da Nutricorp, Nathaly Carpinelli.

No Brasil, o estresse térmico causado pelo calor é muito comum durante o verão, pois na maioria dos estados brasileiros as temperaturas excedem os 29ºC. “Essas condições climáticas impactam negativamente na produtividade dos animais, afetando a reprodução, produção de leite, consumo de matéria seca e sistema imunológico dos animais”, pontua a zootecnista.

Ela explica que os animais possuem mecanismos para que o organismo retome e/ou mantenha-se em sua zona de termotolerância, tais como aumento na frequência respiratória, maior tempo em pé e maior consumo de água. “Atualmente, a implementação de práticas de manejo e novas tecnologias, permitem com que o produtor identifique com maior precisão as vacas sob condições de estresse térmico e possa praticar o manejo adequado”.

A preocupação em relação aos sistemas de produção de leite tem provocado mudanças signifcativas na atividade. Além do conforto – como promover ambientes adequados para os animais, utilizando climatização, ventiladores, sombrites, aspersores, protocolos de resfriamento, densidade animal correta –, algumas estratégias nutricionais também podem ser utilizadas para amenizar os efeitos do estresse térmico em vacas leiteiras, reduzindo a produção de calor interno (fermentação ruminal).

Segundo, Nathaly, outra recomendação é incluir os lipídeos na dieta desses animais. “A suplementação lipídica by-pass através dos sais cálcicos de ácidos graxos (SCAG, protegido da degradação ruminal) é uma ótima estratégia para promover o adensamento energético na dieta de vacas leiteiras e reduzir a produção de calor interno (fermentação ruminal)”, explica.

Ela afirma que esse tipo de suplemento pode ser adicionado na dieta de várias categorias animais, desde que acompanhada pelo nutricionista da fazenda, servindo como alternativa para períodos de baixo CMS, como o verão. “Os lipídios são uma ótima estratégia para os ruminantes, no entanto, é necessário se atentar ao modo como são fornecidos para os animais”, alerta Nathaly.

Na suplementação em bovinos leiteiros, de acordo com a especialista, os sais de cálcio de ácidos graxos de palma são os mais utilizados como forma de suplementação, por apresentarem efeitos positivos na produtividade nos animais.

“Estudo recente mostrou que a inclusão dos sais nos níveis <3% da matéria seca demonstraram que a suplementação com sais de cálcio de ácidos graxos de palma aumentou a digestibilidade da fibra em detergente neutro e tendeu a aumentar a digestibilidade de ácidos graxos”, informa. Nathaly acrescenta que, nos aspectos produtivos, a suplementação aumentou a produção de leite, gordura no leite e produção de leite corrigida para 3,5% e eficiência alimentar.

O efeito by-pass é importante, pois os lipídios protegidos escapam do processo de fermentação ruminal, reduzem o processo de biohidrogenação e toxicidade, garantindo que o perfil de ácidos graxos que chegam ao intestino delgado seja o mesmo presente na dieta.

“Além disso, os lipídios promovem o adensamento energético seguro, pois, quando comparado com carboidratos e proteínas, os lipídios são a fonte de energia que gera o menor incremento calórico, em outras palavras, menos calor durante o metabolismo energético”, finaliza Nathaly.


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