13/05/2022 às 12h41min - Atualizada em 13/05/2022 às 12h41min

Visão integrada é a base da Saúde Única

Em seu artigo para a imprensa, com o título “Cresce a pressão para o desenvolvimento do conceito de “Saúde Única”, Daniel Cruz, coordenador de Agropecuária Sustentável da Proteção Animal Mundial, defende a necessidade de equilíbrio entre a saúde animal, humana e o meio ambiente. Para ele, a integração entre esses três elos é possível e de extrema necessidade. Isso mostra a importância do papel da ciência e da tecnologia na construção desse conceito.

Em seu texto, o especialista da organização global World Animal Protection cita o livro “Saúde Única – Uma Visão Sistêmica”, organizado por Álvaro Menin, sobre o conceito One Health, segundo o qual “projetam-se e tomam forma ideias sistêmicas, colaborativas, compartilhadas e organizacionais como resultado destes importantes movimentos, que seguem a diretriz de uma discussão mais ampla do conceito de saúde”. 

Segundo o livro, a ideia de One Health, proposta na década de 1990, remete a estratégias interdisciplinares e integrativas de promoção à saúde, integrando a visão de indissociabilidade da saúde humana, animal e ambiental. 

Com o aumento da população mundial e consequentemente da demanda crescente por proteínas, de origem vegetal ou animal, essa concepção assume um papel cada vez mais relevante. Para se ter uma ideia, vale lembrar que cerca de dois terços das doenças infecciosas emergentes resultam de zoonoses, sendo cerca de 70% proveniente de animais silvestres. Uma lista que inclui zoonoses que vêm afetando seres humanos há algum tempo, como ebola, vaca louca, gripe aviária e gripe suína, e, mais recentemente a Covid-19, que também tem sua origem em animais.

Conforme Cruz, o surgimento de novas doenças infecciosas tem sido associado com a ação do homem sobre o meio ambiente, traduzida por degradação de habitats, poluição, extinção de espécies, disseminação de espécies invasoras e mudanças climáticas, exemplos dessa pressão que pode favorecer o aparecimento de novas doenças ou a migração de alguns patógenos para fora do seu habitat natural.

Portanto, o conceito One Health, abordado por Cruz, está afinado com a ciência e a tecnologia. “Exige ações político-sociais, éticas e legislativas para a sua difusão mais objetiva em torno das estruturas, para proteger as populações, são essenciais para geração de uma infraestrutura que sistematize e apoie o trabalho dos formuladores de políticas, planejadores de desenvolvimento, profissionais de saúde humana e animal e agências de biossegurança”, afirma o especialista.

Ele cita outros desafios para a universalização do conceito de Saúde Única, como “o desordenado processo de urbanização, que, associado ao adensamento populacional, além da íntima relação do homem com animais domesticados e o meio ambiente, gerou a necessidade de se estabelecer uma nova relação entre a saúde humana, animal e ambiental”. 

Tudo isso está em acordo com a pecuária sustentável, prática que visa a produção de alimentos com responsabilidade social, consciência ambiental e bem-estar animal, de forma viável e rentável. Portanto, também envolve as questões de sanidade. Ou seja, requer a adoção de medidas tecnológicas de modo a garantir a sintonia entre a eficiência do processo produtivo e o meio natural.

Segundo a Embrapa, o setor agropecuário nacional é eficiente do ponto de vista agronômico, econômico, social e ambiental, graças ao esforço dos agricultores e às inovações tecnológicas dos sistemas de produção e gestão das propriedades rurais. 

“A produção sustentável é a mais simples do mundo”, afirma o pesquisador Sérgio Raposo de Medeiros, da Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos (SP). Para ele, é a produção que pode durar no tempo. 

“Temos que usar os recursos naturais de forma a não comprometer o futuro. No caso da pecuária, isso é sinônimo de fazer bem feito, produzir mais, com eficiência e de forma mais rentável. Então, produção sustentável é uma necessidade e, ao mesmo tempo, é a solução para termos alimentos na mesa”, explica Raposo. 

Diante desse cenário, Cruz arremata: “Olhar para o futuro envolve considerar a Saúde Única como fundamental no processo de evolução e por ajustes no modo de conviver e no modo como vamos produzir mais alimentos para atender a demanda crescente de seres humanos em nosso planeta”.


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