Nada tem sido tão importante na busca por bons negócios na pecuária bovina de corte do que a escala dos frigoríficos. Tornou-se uma espécie de termômetro vivo, muito mais do que já foi no passado. E neste placar, a indústria busca um número confortável de dias para trabalhar e negociar suas compras e os pecuaristas buscam reduzir o máximo a oferta para provocar preços melhores e venderem.
Como tenho escrito há bastante tempo em nossa coluna, De Olho no Mercado, os preços da arroba do gado pronto vão subir. E mais, em curto prazo. Para sustentar a afirmação destaco alguns elementos do noticiário da carne bovina pelo mundo.
- De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção de carne bovina da União Europeia segue em queda livre, com estimativa de 6 milhões e 800 mil toneladas, equivalente carcaça em 2022. Um recuo de 3,9% em cinco anos;
- A China volta do seu longo feriado de ano novo com forte apetite e deve fazer aquisições mais elevadas de carnes no geral;
- O USDA afirma que 2022 deve contar com altas no volume de exportações de carne bovina da Austrália;
- Os pecuaristas seguem um alinhamento bem definido para reduzir a oferta de animais e pressionar o comprador a pagar mais;
- Há um grande movimento por parte da indústria, para aquisições de boiadas de maneira antecipada no Brasil. A intenção, é clara: manter escalas capazes de dar tranquilidade nas negociações.
Explicado alguns dos argumentos para a crença da disparada da arroba do gado pronto, falo agora sobre as escalas no Brasil. Há uma média nacional apontando para nove dias garantidos de trabalho para a indústria. Este é o mesmo número para o estado de São Paulo, que recuou para nove dias, depois de estar estabilizado em dez.
Quem segue neste movimento de estabilidade é Goiás. A média de escalas das indústrias que operam no local está entre oito e nove dias. Ainda no Centro-Oeste, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul estão também com oito dias, mas com uma visível redução no MS, com escalas em viés de queda.
Os números citados mostram um ambiente de equilíbrio para a cadeia produtiva, principalmente, para as atividades industriais. Também, dado bem importante, as escalas estão maiores, mais folgadas que no mesmo período do ano passado. Entretanto, as ofertas pelo gado pronto estão, necessariamente, superiores.
Todos os fundamentos de mercado apontam para números de remuneração bem mais altos para a matéria-prima. Além disso, entramos em fevereiro, há toda a expectativa nas compras dos principais importadores de carne bovina do Brasil, mas é esperada valorização através de uma provável melhora no consumo interno, com recebimento dos salários ainda na primeira semana do mês.
Em resumo, o mercado é altista e remunerador para quase todos os elos da cadeia produtiva, com destaque para o pecuarista e a indústria exportadora. Os operadores de mercado travam suas “partidas de xadrez” diariamente e, seguramente, a disparada da arroba do boi está mais ligada a qual momento, exatamente, vai ocorrer. Já não existe dúvida: vai ocorrer.