28/03/2023 às 09h15min - Atualizada em 28/03/2023 às 09h15min

Arroba do boi gordo segue subindo

A arroba do boi gordo segue em recuperação (mais intensa) desde a confirmação do fim da suspensão das exportações de carne bovina brasileira para a China, após o caso da “Vaca Fake”, considerando que não há nenhuma enfermidade no rebanho nacional que justificasse uma suspensão aos negócios com o produto agro.

Também é preciso ser pontal com o fato de muitas plantas frigoríficas exportadoras para a China estarem em férias coletivas, uma das maneiras que a indústria tem de lidar com a situação. Não devemos também deixar de lado que as mesmas plantas estão sem escalas de trabalho e, para conseguirem formar os dias garantidos de trabalho fabril, será necessário melhorar a oferta pela arroba do boi gordo. O pecuarista possui grande capacidade de manter os animais no pasto e este é um claro elemento na atual situação do mercado.

Particularmente, acredito haver a partir deste momento uma brecha para o pecuarista retomar parte das perdas empilhadas desde o começo da suspensão. O cenário será observado, principalmente, no Estado de São Paulo, onde está localizada a maior parte do parque industrial para produção de carne bovina exportação para a China. O mesmo será observado com menor vigor em outros estados exportadores, mas com poucas plantas habilitadas para embarcar para a China, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.

A tal “brecha” citada no parágrafo anterior tem na pastagem mais vigorosa nas fazendas de pecuária do país, um dos seus principais alicerces. Outra questão relevante está no mercado importador (a China) ter um estoque de carne bovina baseado em preços mais altos de carne adquirida no ano passado. Comprar agora, significa também diluir um pouco o custo dos seus próprios estoques. Com isso, mesmo sendo mais “agressivo” nas compras agora, os preços ainda serão menores que os valores médios já adquiridos no ano passado.

Em resumo, os preços da arroba sobem; os frigoríficos vão precisar pagar um pouco mais; as indústrias brasileiras não devem conseguir subir muito o preço da tonelada exportada e a China vai buscar administrar ao máximo a demanda conquistar preços bem melhores do que no último ano.

Os fundamentos de mercado não mudaram. A China habilitou novas plantas e deve fazer novas autorizações no Brasil. Trata-se de um processo natural, ao considerar a completa escassez do produto “carne bovina” no mundo, com as dificuldades habituais da Austrália e a redução da produção dos Estados Unidos. Além disso, os países citados produzem com custo maior e repassam.

Sobre os preços praticados, o contrato de boi gordo para abril/2023 fechou a segunda-feira, dia 27 de março/23 em R$ 297,50 por arroba. Antes de citar preços em outros estados, acabo de lembrar que preciso citar que a habilitação de novas plantas frigoríficas no Brasil refletem a alta do consumo do produto no país (a China vai precisar comprar muito mais), o país asiático deve elevar suas importações em cerca de 2% em 2023 e totalizar um volume de 3,52 milhões de toneladas de carne bovina. Ok. Volto ao fator preços, pois São Paulo tem a arroba do “Boi China” negociado a R$ 293; Minas Gerais R$ 281 e Mato Grosso do Sul, R$ 274.

Para a semana, devemos esperar novas reações para arroba do boi gordo. É preciso começar a visualizar a grande oportunidade de negócios (para quem tiver boi gordo) nos anos de 2025 e 2026, com uma oferta global muito escassa, por menor produção (cíclica) de carne bovina dos Estados Unidos e Brasil, uma coincidência ainda não vista...mas este é assunto para a próxima semana.

 

 


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