03/02/2022 às 09h44min - Atualizada em 03/02/2022 às 09h44min

Conceito ESG veio para ficar e quem não aderir pode desaparecer

É muito fácil para empresas, empresários e a população em geral, de todas as classes sociais, se voltar para o Estado e exigir apenas dele a imposição de comportamentos em sua estrutura administrativa, que sejam ambientalmente sustentáveis, socialmente justas e cuja governança atenda aos padrões morais e éticos que os novos tempos redefinem como corretos e necessários para a manutenção da vida no Planeta, as relações intersociais, a diminuição das diferenças sociais e dos direitos humanos. Afinal, o Estado recebe nossos impostos e exigimos que ele faça uso desse dinheiro público voltado à governança responsável e justa, ao bem-estar da vida e mantenha a zona de conforto proporcionada pelo equilíbrio do meio ambiente e, antes de mais nada, elimine as diferenças sociais que dividem os seres humanos iguais, em diferentes.

Mas, será que é apenas o Estado que tem a responsabilidade de nos conduzir a este (e neste) caminho? A resposta é, absolutamente, não. A cada dia, fica claro os limites do poder do Estado em relação às atividades corporativas e às relações humanas sociais e com o meio ambiente aos quais pertencem. Essa percepção e conceitos ganharam forma a partir de uma reunião na Organização das Nações Unidas (ONU), em 2005. Dez países, incluindo o Brasil, entenderam que as ações que podem acabar com as desigualdades, fazer justiça social e manter a sustentabilidade da vida no Planeta precisam ser estendidas e às atividades rentistas, corporativas e empresariais privadas. Naquele ano, se consolidou juridicamente essa percepção de que não é apenas o Estado que tem essa obrigação, mas também todas as corporações e empresas que têm suas próprias regras de governança às quais agentes públicos não têm acesso ou são legalmente impedidos de intervir.

Nasce, então, um conceito simbolizado por uma sigla em inglês: ESG (Environmental, Social and Governance). A tradução livre nos permite resumir em Ambiental, Social e Governança. Num primeiro momento, acreditou-se que esse novo conceito de fazer e administrar negócios deveria ser aplicada em mudanças profundas nas empresas e corporações privadas que se comprometessem em estabelecer as novas formas de administrar a relação com o meio ambiente, sociais e nas suas governanças. Mas o conceito foi sendo estendido às outras atividades humanas. Desta forma, o conceito de ESG começa a entrar porta à dentro das empresas a partir do comportamento dos consumidores, destinatários de seus produtos, e nos novos conceitos aplicados nas relações de trabalho, na diversidade social para o empoderamento de grupos até então marginalizados e, com bastante intensidade, na mudança dos organogramas e objetivos a serem alcançados.

De uma forma bem simples e ilustrativa, o objetivo é reduzir os impactos de suas atividades no meio ambiente, construir e conscientizar a justiça sociais e rever totalmente os processos administrativos. Grandes empresas, que têm conselhos, por exemplo, prega-se que eles não sejam compostos por administradores e colaboradores internos, mas pessoas de fora da corporação. Num primeiro momento, para quem investe, surge a eterna convicção equivocada: para implantar essa revolução os lucros vão diminuir, ou quando não, desaparecer. Mais uma vez, um grande equívoco. Estudo feito pela Consultoria do BCG mostra o oposto.

Companhias e empresas que aplicam os conceitos são impactadas positivamente, com lucros maiores e valorização da marca no mercado. O que se convencionou a chamar Geração Z, está voltada para o consumo de marcas que tratem seus colaboradores adequadamente, com igualdade, com cursos e ascensão funcional de negros, especialmente as mulheres e, principalmente, que os seus produtos não degeneram nem a saúde física e muito menos a ambiental. Porém, ainda existem quem pratique o chamado Greenwshing, também conhecido como “lavagem verde” ou “maquiagem verde” ou até mesmo “maquiagem verde” que é a “prática de camuflar, mentir ou omitir informações sobre os reais impactos das atividades de uma empresa no meio ambiente”. É obrigação de todos comprometidos com a ESG, eliminar esta prática.

Para sermos bastante didáticos, tomemos as definições de Isabella Proença, bacharel em Administração, que enumera o que deve significar cada uma das letras da sigla ESG:

E: environmental ou em português, ambiental, se refere às questões como “desmatamento, escassez hídrica, gestão de resíduos, aquecimento global, eficiência energética (uso de energias limpas – solar ou eólica) e poluição do ar”.

S: social. De acordo com Proença, significa “diversidade da equipe, satisfação dos clientes, cumprimento das leis trabalhistas, respeito aos diretos humanos, proteção de dados e privacidade engajamento dos colaboradores”.

G: Governance, em português, governança, definido por Proença como “criação de um canal de denúncias, conduta corporativa, relação com políticos e entidades governamentais. Remuneração dos executivos, estrutura de comitê de auditoria e composição do Conselho”. No dia-a-dia, Proença resume o que são as boas práticas: “depositar os efluentes e os resíduos no local correto, produzir embalagens recicláveis ou que contenham menos plástico, utilizar materiais reciclados no escritório, digitalizar documentos sempre que possível para evitar desperdícios, optar pelo uso de energias renováveis e limpas, que não emitam gases poluentes, como a solar e a eólica e diminuir gastos com locação (como energia elétrica e água, aderindo ao uso de espaços compartilhados para o trabalho”.

Isabella Proença lista ainda as “boas práticas sociais”, que são: “proporcionar um ambiente de trabalho saudável, seguro e confortável para os colaboradores, incentivar os funcionários a manterem bons hábitos como alimentação balanceada e práticas de exercícios físicos, fazer projetos sociais com a comunidade local, possibilitar que as mulheres conciliam a maternidade e a carreira, oferecendo um ambiente propício, patrocinar ou promover eventos sociais e culturais e estimular a comunicação entre líderes e colaboradores”.

Por último, um alerta: a partir de 2022, pode parecer que a implantação desses novos conceitos se arrefeça. No entanto, o que está acontecendo é que as exigências estão aumentando. Os principais fundos de investimentos do mundo estão exigindo cada vez mais para colocar o seu dinheiro. E isso obriga às empresas a reverem o atual estágio da implantação do conceito ESG. E para impulsionar ainda mais essa revolução, a partir deste ano o sistema financeiro, incluindo o brasileiro, informa que para fornecer empréstimos e aportes, esses conceitos devem entrar na análise junto com os ativos,

Portanto, ESG é um conceito que veio para ficar e é bom quem nunca se interessou pelo assunto, se volte para ele rapidamente para manter seu negócio funcionando.


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