14/07/2022 às 12h05min - Atualizada em 14/07/2022 às 12h05min

Insegurança alimentar ao redor do mundo aumenta

O mais recente relatório da ONU sobre insegurança alimentar no mundo apontou que do início da pandemia de Covid (em 2020) até 2021, a fome afetou 828 milhões de pessoas no planeta. Somente neste intervalo (2020-2021) o aumento foi de 150 milhões de indivíduos. O relatório “O Estado de Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo” foi realizado pelas agências da ONU: Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP) e Organização Mundial da Saúde (OMS).

O relatório evidencia como os principais fatores que levam a insegurança alimentar e a má nutrição no mundo os conflitos, choques climáticos e choques econômicos, combinado com as crescentes desigualdades. De acordo com as agências, medidas mais ousadas devem ser tomadas para se adaptar melhor contra choques futuros.

O relatório também revela a situação do Brasil que, infelizmente, piorou. Por aqui, a insegurança alimentar grave atingiu 11,5 milhões de pessoas a mais entre 2019 e 2021, totalizando 15,4 milhões, ou seja 7,3% da população total.

Desde 2015, a proporção de pessoas afetadas pela fome vinha sendo igual a 8% no mundo. Porém, o número tem crescido desde 2019 e atualmente atinge 9,8% da população mundial. Além da fome, 2,3 bilhões de pessoas (29,3% da população mundial) enfrentam insegurança alimentar moderada ou severa - 350 milhões a mais em comparação ao período de pré-pandemia. A junção dos fatores do aumento da proporção de pessoas afetadas pela fome e a crescente condição de insegurança alimentar indicam que o mundo está se afastando da meta de reduzir a fome e a insegurança alimentar, em todas as suas formas, até 2030.

Entre as crianças, de acordo com o relatório, cerca de 45 milhões com menos de 5 anos sofriam com baixo peso para a estatura, que é a forma mais mortal de desnutrição. 149 milhões de crianças tiveram seu crescimento ou desenvolvimento atrofiados por conta da falta de nutrientes essenciais.

Aproximadamente 3,1 bilhões de pessoas não conseguiram pagar por uma alimentação saudável em 2020, reflexo dos efeitos da inflação nos alimentos, em decorrência dos impactos econômicos da pandemia de covid-19 e das medidas postas em prática para contê-la.

Desperdício de alimentos

No mundo, de acordo com os dados do mais recente Relatório do Índice de Desperdício de Alimentos 2021 do PNUA (Programa das Nações Unidas para o Ambiente), cerca de 931 milhões de toneladas de alimentos foram desperdiçados, correspondendo a 17% da produção global de alimentos. No Brasil, segundo o mesmo relatório, são desperdiçados cerca de 60 kg de alimentos a cada pessoa, resultando em 12,5 milhões de toneladas ao ano. A estimativa é que 80% deste desperdício vem do uso doméstico, vem das casas.

Pelo fato de ampliar a insegurança alimentar (que atingiu o pior índice desde 2004), e por contribuir com problemas como a mudança climática, a perda de biodiversidade, a poluição e a geração de resíduos, o desperdício de alimentos é um dos maiores problemas enfrentados.


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