06/08/2021 às 18h00min - Atualizada em 06/08/2021 às 18h00min

Probabilidade de racionamento de energia é pequena, diz presidente da Engie Brasil

A probabilidade de o país enfrentar um racionamento de energia é pequena, mas é possível que aconteçam blecautes (cortes de carga) em determinadas horas do dia se a situação hidrológica crítica se estender, avaliou nesta sexta-feira (6) Eduardo Sattamini, presidente da Engie Brasil Energia (EBE).

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“Acho muito difícil termos racionamento, pelo menos oficialmente anunciado”, disse, durante teleconferência de resultados. “Racionamento tem custo político, principalmente num ano eleitoral. Imaginamos que não haverá, imaginamos que haverá uma gestão, e, hoje, existem ferramentas melhores de gestão do sistema elétrico do que há 20 anos”.

Ainda segundo Sattamini, o cenário de racionamento seria até “positivo” às geradoras hidrelétricas, já que a obrigação de redução do consumo também diminuiria as obrigações contratuais dos geradores.

O presidente da EBE também disse na teleconferência de resultados que a empresa elevou o percentual de descontratação de seu portfólio de energia à medida que percebeu uma piora das condições hidrológicas.

“Com isso, conseguimos nos proteger. Temos 12% de proteção do nosso portfólio total. Isso pode parecer baixo quando você compara com um GSF (risco hidrológico) por volta de 70%, 75% neste ano, mas temos que perceber que aí temos energia vendida no regulado, tem proteção do seguro contratado em 2015, tem compras de energia que não sofrem com GSF e tem fontes não hidráulicas”, explicou.

Na visão do executivo, a EBE tem “sofrido pouco” com a situação hidrológica adversa deste ano. “Estamos num estágio bastante satisfatório de gestão [do portfólio].”

Sattamini comentou ainda que, como a companhia está diminuindo a disponibilidade de energia para venda, o número de clientes atendidos também vem caindo. “Vamos recompor o nosso portfólio de forma conservadora, vamos voltar a crescer o número de clientes quando percebermos maior abertura de mercado e clientes que estão mais propensos a pagar margens maiores.”

Aquisições

A Engie Brasil Energia está analisando ativos hidrelétricos colocados à venda pela EDP Brasil, mas ainda não tomou uma decisão sobre o processo.

“Nossa percepção é que devemos sempre olhar ativos que tenham algum tipo de sinergia e que estejam no nosso ‘core’. Os ativos da EDP são bons, temos conversado. Não necessariamente vamos comprá-los, temos que ter uma equação risco-retorno que justifique isso. Não existe nenhuma orientação de finalização com relação ao processo“, afirmou Sattamini.

A empresa também reportou que vai avaliar a incorporação de dois projetos solares detidos por sua controlada Solaire Direct. Segundo o presidente da companhia já foi instaurado um comitê especial independente para transações com partes relacionadas por parte do conselho de administração.

Os ativos em questão são os conjuntos fotovoltaicos Paracatu (MG) e Floresta (RN), com capacidade instalada total de 259,8 megawatts-pico (MWp). Ambos ativos foram contratados pelo prazo de 20 anos no 2º leilão de energia de reserva de 2015 (LER), e já estão em operação.

“Temos grandes ambições em energias renováveis, até porque estamos saindo da geração térmica a carvão”, destacou Sattamini, se referindo aos processos de venda das termelétricas Jorge Lacerda (SC) e Pampa Sul (RS).

Desinvestimentos em carvão

A companhia mantém sua expectativa de concluir, neste ano, as vendas das termelétricas Jorge Lacerda e Pampa Sul, movidas a carvão, combustível que deixou de fazer parte da estratégia global de seu grupo controlador francês.

No caso de Jorge Lacerda, a companhia negocia a venda para a FRAM Capital e espera assinar o contrato no fim de agosto, com condições precedentes a serem cumpridas.

“Na questão de energia, temos ainda uma obrigação de contratação até 2024, foi a condição para o comprador, para que ele garantisse o fluxo de caixa mínimo nos primeiros anos. A partir dali, ele vai comercializar energia no mercado e procurar maneiras de estender a operação”, explicou Sattamini.

Localizado no município de Capivari de Baixo, o complexo Jorge Lacerda tem potência de 857 megawatts (MW) e emprega 312 funcionários diretos, além de ter 800 terceirizados.

Ainda segundo a companhia, também houve evolução no processo de venda da termelétrica Pampa Sul, retomado pela companhia em março deste ano. Está mantida a previsão de fechar a operação neste ano. Localizada em Candiota (RS), Pampa Sul tem 345 MW de potência.

A ideia da EBE é recompor a saída da geração a carvão com mais ativos renováveis. “Estamos crescendo da ordem de 400 MW a 500 MW por ano de capacidade instalada, essa é nossa meta, com isso vamos substituindo aos poucos essa energia que estamos deixando de ter no portfólio”, afirmou o executivo.

Sattamini comentou ainda que a EBE continua interessada em atuar no segmento de transmissão de energia, mesmo após o acidente ocorrido no projeto Novo Estado, que levou à morte de sete trabalhadores da terceirizada Sigdo Koppers Ingeniería y Construcción (SKIC). “Isso não nos tira o foco estratégico, mas nos faz tomar medidas para que nossa estratégia seja implementada de forma cada vez mais segura.”

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