01/05/2023 às 08h59min - Atualizada em 01/05/2023 às 09h04min

Organizadores da Agrishow mantêm otimismo e avaliam que imbróglio político não ofusca negócios

POR ESTADÃO CONTEÚDO
ESTADÃO CONTEÚDO

Ribeirão Preto, 1º - A principal feira de tecnologia agrícola do País, a Agrishow, deve abrir, logo mais e sem cerimônias, suas portas em Ribeirão Preto (SP). Após os recentes episódios de desalinhamento entre o evento e o governo federal, que culminou na ameaça de retirada do patrocínio do Banco do Brasil à feira, a organização da Agrishow espera superar o imbróglio político e focar os esforços nos negócios.

A expectativa do evento é superar os R$ 11,24 bilhões em vendas de máquinas da última edição e alcançar público superior aos 190 mil visitantes. "Tudo que está acontecendo não vai ofuscar o objetivo do visitante, que é fazer negócios. Nossa expectativa se mantém otimista", afirmou ao Broadcast Agro (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) a diretora de Comunicação da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Lariza Pio. A Abimaq é uma das entidades organizadoras do evento.

Em sua 28ª edição, a Agrishow, pela primeira vez, não realizará uma abertura oficial com a presença de organizadores do evento e integrantes do governo federal. A suspensão da solenidade ocorreu após o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmar ter sido "desconvidado" da cerimônia pelo presidente do evento, Francisco Matturro. O representante da Agrishow diz ter alertado o ministro quanto à possível presença do ex-presidente Jair Bolsonaro na abertura do evento, mas nega o desconvite.

Alegando "descortesia e mudança de caráter" da feira, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação do governo, Paulo Pimenta, anunciou na última sexta-feira (28) a suspensão do patrocínio do Banco do Brasil ao evento. A medida, no entanto, ainda não foi confirmada oficialmente pela instituição financeira e pela Agrishow.

O banco, em contrapartida, já reforçou que mantém sua participação comercial no evento e espera totalizar R$ 1,5 bilhão em pedidos de crédito. Embora as altas taxas de juros sejam um desafio aos agricultores, os organizadores da feira avaliam que o setor está mais capitalizado do que há um ano e que tem como estímulo a perspectiva de safras recordes. Outro sinal positivo para as vendas é a possibilidade de que o ministro da Agricultura anuncie a suplementação de R$ 1,03 bilhão para equalização do Plano Safra 2022/23 em reunião-almoço com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), na terça-feira, 2.

Segundo fontes que acompanharam as tratativas para aquisição do montante, o ministro previa apresentar os resultados da negociação na própria Agrishow, antes do descompasso junto à organização do evento.

"Estamos aguardando a divulgação do aporte adicional ao Plano Safra", comentou Lariza Pio, que considera que o anúncio poderá ajudar a impulsionar as vendas na feira. Estima-se que os recursos destinados à equalização devam gerar um montante extra de R$ 30 bilhões para a política de crédito agrícola que se estende até 30 de junho.

Também sustenta o otimismo da feira, a acomodação dos preços de fertilizantes e insumos agrícolas um ano após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia e a recuperação econômica do pós-pandemia. Em 2022, quando a feira retornou ao modelo presencial após um hiato provocado pelo vírus, ainda havia incerteza sobre a volta dos eventos presenciais em função da pandemia, o que limitou o período para empresas se organizarem para participar.

"Agora, para 2023, as empresas se prepararam um ano inteiro para mostrar suas novidades", acrescentou a diretora de Comunicação da Abimaq.

Entre as tendências do mercado para este ano, a Abimaq ressalta o foco em sustentabilidade e nas práticas ecológicas, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês), como máquinas menos poluentes.

Outro destaque, segundo a associação, serão os equipamentos com inteligência artificial, georreferenciamento, controle remoto e a perspectiva de implantação da conexão 5G no setor. "Ainda temos muito trabalho a ser feito, porque temos conhecimento que, nos rincões do Brasil, não temos uma conectividade boa", afirmou.


Fonte: ESTADÃO CONTEÚDO
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