Mesmo com tendência de queda em indicadores de casos e óbitos relacionados à covid-19, a circulação do vírus que origina a doença permanece alta. O alerta é da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que divulgou nesta sexta-feira (6) o mais recente Boletim Observatório Covid, referente ao período de 25 de julho a 31 de julho. No documento, a fundação alerta para patamar elevado de risco de transmissão de covid-19 com a variante delta, originada da Índia, e que indicadores de isolamento domiciliar estão caindo a nível semelhante de antes da pandemia. A instituição detectou, ainda, que o rejuvenescimento de pandemia foi revertido; as internações e óbitos voltam a se concentrar em idosos.
No documento, a Fiocruz informou que, pela quinta semana consecutiva, se observou a redução do número de casos e de óbitos no país. Com o decorrer dessas semanas, há um alívio relativo dos hospitais, com a redução da ocupação de leitos de UTI, informaram os pesquisadores. Dados obtidos no dia 2 de agosto de 2021 indicam 19 estados com taxas de ocupação inferiores a 60%; seis estados e o Distrito Federal com taxas de ocupação iguais ou superiores a 60% e inferiores a 80%; e somente um estado, Goiás, com taxa superior a 80%. A taxa de mortalidade diminuiu 1,3% ao dia, enquanto a taxa de incidência de casos de covid-19 foi reduzida em 0,3% por dia, de acordo com os pesquisadores da fundação. A taxa de letalidade da doença - proporção entre o número de mortes por doença e número total de doentes que da doença -, por sua vez, ficou em torno de 2,8%, no período do boletim.
Mas a Fiocruz alertou que, embora se verifique a redução dos números absolutos de internações e óbitos, volta a crescer proporção de internações em UTI e óbitos na população idosa, por covid-19. A proporção de idosos internados que já esteve em 27,1% do total em junho, agora encontra-se em 37,5%. Para óbitos por covid-19, a parcela de idosos no total ficou em 62,1%, sendo que era 44,6% há seis semanas.
Ao mesmo tempo, permanece alta a circulação do vírus, pontuaram os pesquisadores, o que é demonstrado tanto pelos valores altos de positividade das testagens (como os chamados teste rápido e RT-PCR), como pelas incidências de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG), que ainda "permanecem em níveis altos, muito altos ou extremamente altos no país" no entendimento dos pesquisadores.
Outro aspecto citado pela fundação é o índice de isolamento domiciliar (ou IPD, disponível no sistema MonitoraCovid19). Esse indicador vem caindo a níveis semelhantes ao verificado antes da pandemia, depois de um pequeno aumento em março, informou a Fiocruz. Isso, na prática, evidencia que houve um retorno das atividades de trabalho e circulação - o que pode resultar em ampla exposição da população ao vírus.
Nesse cenário, a Fiocruz alerta no documento que a pandemia não acabou, sendo necessário nesse momento combinar vacinação contra a doença com uso de máscaras. A fundação também recomenda ações de distanciamento físico e social, em especial para os grupos com maior exposição e vulnerabilidade, para prevenir contaminação pela doença.