O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), defendeu nesta sexta-feira que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, retome o diálogo com Jair Bolsonaro. Para ele, é preciso “apaziguar os ânimos”, “sentar à mesa” e “buscar uma solução” em meio aos ataques do presidente da República a ministros do STF.
“É preciso apaziguar os ânimos entre as instituições”, disse Pacheco, em entrevista à GloboNews na tarde desta sexta-feira.
“Fux haverá de concordar em algum momento que possamos todos sentar à mesa e buscarmos uma solução. Não podemos interromper o diálogo.”
Na quinta-feira, o presidente do STF cancelou a reunião que estava marcada entre os chefes dos Poderes depois de ataques de Bolsonaro a magistrados.
Nos últimos dias, Bolsonaro tem reforçado as críticas ao sistema eleitoral, colocando em xeque a lisura do voto eletrônico, ameaçando agir fora dos limites da Constituição. O presidente tem dito, inclusive, que não haverá eleições em 2022 sem o voto impresso.
À GloboNews, Pacheco disse que o Legislativo tem compromisso com a democracia e com a realização de eleições em 2022 e defendeu o sistema eleitoral brasileiro.
“Todo aquele que pregar que não haverá eleição em 2022 será apontado pela história como inimigo da nação”, declarou.
“Não vamos admitir retrocesso nisso. Afirmo, em nome do Senado, minha mais absoluta confiança no sistema eleitoral brasileiro”, disse. “Não podemos questionar a lisura da eleição de 2022.”
Ele admitiu que “são graves” as agressões feitas por Bolsonaro a ministros do STF, assim como as críticas ao sistema eleitoral, mas tentou minimizar. “Não podemos nos apegar a gravidade dessas falas e atitudes para interromper o diálogo”, disse.
“A reação de Fux está justificada, mas não será uma tônica entre os poderes. A reação de Fux foi legítima, mas não vai interromper esse diálogo; vamos ter que restabelecer diálogo”, reiterou.
O senador ainda afirmou que a “autocrítica cabe a todos os poderes, inclusive ao presidente”, e disse que as críticas “não podem descambar para desrespeito”. “Não concordo com comportamentos que ataquem as instituições”, disse. “Não cabe esse comportamento que separa e desune.”
O presidente do Senado, no entanto, evitou desautorizar Bolsonaro pelos ataques a ministros do STF.