06/08/2021 às 12h00min - Atualizada em 06/08/2021 às 15h49min

Venda de veículos sobe 0,6% em julho e estoque é o mais baixo das últimas duas décadas

Como reflexo, principalmente, da escassez de semicondutores na indústria, a venda de veículos em julho praticamente não cresceu em comparação com o mesmo mês do ano passado e caiu em relação ao volume de junho.

Em julho foram licenciados 175,5 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Isso representou um ligeiro aumento, de 0,6%, em relação ao mesmo mês de 2020. Na comparação com junho houve uma retração de 3,8%.

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Também em consequência da falta dos componentes eletrônicos que são importados da Ásia, a falta de veículos provocou uma baixa do nível de estoques, de 93 mil unidades em junho para 85,1 mil no mês passado. Isso significa que o volume de veículos nas fábricas e concessionárias é suficiente para 15 dias de vendas, o mais baixo das últimas duas décadas.

Apesar da estabilidade em relação ao ano passado, uma base baixa em razão dos primeiros impactos da pandemia, o volume de licenciamentos mostra que o setor ainda está longe da recuperação. Em relação ao resultado de julho de 2019, as vendas do mês passado resultaram numa queda de 27,8%.

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No acumulado de janeiro a julho foram vendidas 1,24 milhão de unidades. Isso representou um avanço de 27,1% na comparação com os primeiros sete meses de 2020.

Os segmentos de veículos comerciais, o que engloba picapes, vans, furgões e caminhões, continuam a puxar o crescimento do setor, As vendas dessas categorias de veículos têm crescido mais do que o segmento de automóveis, que representa 75% do mercado.

Produção

O presidente Anfavea, Luiz Carlos Moraes, disse nesta sexta (06), durante a divulgação dos resultados de julho, que a busca pelos semicondutores continua a ser um dos maiores desafios dos fabricantes de veículos no país.

A escassez desses componentes provocou uma queda de 4,2% na produção de julho em relação ao mesmo mês do ano passado. Em julho 163,6 mil veículos deixaram as linhas de montagem. Na comparação com junho, a retração foi menor, de 2%. Mas se comparado com julho de 2019, período anterior à pandemia e à falta de semicondutores, a produção de veículos no mês passado ficou 38,74% menor.

Segundo Moraes, a retração se deve, principalmente, à falta de componentes. A Anfavea ainda não fez os cálculos de quantos veículos deixarão de ser produzidos este ano em razão da falta de semicondutores, itens que são disputados com a indústria de eletrônicos.

Os volumes de produção acumulados no ano, até julho, somaram 1,31 milhão de unidades. Nesse caso houve um avanço significativo em relação aos primeiros sete meses de 2020, com alta de 45,8%. Vale lembrar que a primeira metade de 2020 foi a mais crítica para esse setor por conta da necessidade de fechar as fábricas durante várias semanas para adequá-las às novas regras sanitárias.

Exportação

A falta de semicondutores na indústria automobilística também se reflete nas exportações do setor. Em julho, o volume de veículos exportados caiu 18,4%, para 23,8 mil veículos ante o mesmo mês de 2020. Na comparação com junho, a retração chegou a 29,1%.

Segundo Moraes, a entidade não percebe problemas de demanda nos mercados compradores, a maioria na América Latina. “O problema está na falta de semicondutores”, destaca.

No acumulado do ano, no entanto, o resultado foi positivo. Os embarques até julho atingiram 223,9 mil veículos, uma alta de 50,7% ante 2020.

Também a receita com as vendas externas cresceu 9,7% em julho na comparação com o mesmo mês de 2020, num total de US$ 558,8 milhões. No acumulado até julho, o total de divisas chegou a US$ 4,20 bilhões, alta de 59,0% ante mesmo mês de 2020.

Mão de obra

As montadoras fecharam julho com 102,7 mil funcionários. Isso representa uma retração de 1,2% na comparação com um ano atrás.

O presidente da Anfavea disse que a queda se deve, sobretudo, ao fechamento de fábricas. É o caso da Ford, que anunciou o fim da atividade industrial no país em janeiro.

Em relação a junho, o quadro efetivo do setor manteve-se estável. Mas várias empresas têm recorrido a férias coletivas e “layoff” (suspensão temporária dos contratos de trabalho) por conta da necessidade de realizar paralisações de tempos em tempos pela falta de semicondutores.

(Fonte: Valor Econômico)


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