O Brasil tem pouca terra disponível para a expansão da fronteira agrícola devido ao aumento do preço das terras, escassez de mão de obra rural e necessidade de preservação de áreas naturais, solos e água. É necessário produzir mais em cada hectare rural do país, e essa produção precisa ser sustentável.
É possível conciliar a expansão de suas fronteiras agrícolas com a proteção dos remanescentes naturais, incorporando áreas degradadas, abandonadas ou subutilizadas, aumentando a produtividade e integrando a produção vegetal e animal. A sociedade tem demandado sistemas de produção mais sustentáveis e de baixa emissão de gases de efeito estufa, o que consolida a megatendência de intensificação e sustentabilidade da produção agropecuária.
O país participa de diversos acordos internacionais e está comprometido com agendas de sustentabilidade, como a redução em 43% das emissões de gases de efeito estufa até 2030 e a redução de 80% das taxas de desmatamento na Amazônia e de 40% no Cerrado. O reflorestamento de 12 milhões de hectares e o alcance de 45% de participação estimada de energias renováveis na matriz energética brasileira também são metas estabelecidas.
Para a pesquisa agrícola brasileira, o cenário é de oportunidades e desafios. O campo demanda inovações para aumento da eficiência dos sistemas de produção e o governo brasileiro precisa de métricas de sustentabilidade compatíveis com agricultura tropical para atuar nos fóruns internacionais.
O uso adequado de recursos hídricos no meio rural é fundamental, envolvendo aperfeiçoamento da irrigação, uso de métodos específicos para cada tipo de solo e cultura, manejo a partir do monitoramento preciso da evapotranspiração e sistemas mais eficientes e adaptados às condições locais.
Em regiões com disponibilidade hídrica muito variável, reservatórios de pequeno porte, barragens subterrâneas, reuso e captação de chuvas em propriedades agrícolas podem melhorar a disponibilidade hídrica, reduzindo a vulnerabilidade em relação à variabilidade hidrológica.
Opções para proteção do solo e do meio ambiente
Sistemas agroflorestais - compostos por uma grande diversidade de espécies vegetais, incluindo plantas agrícolas, frutíferas e florestais. Eles se estendem por milhares de hectares em todos os biomas brasileiros. Novos nichos de mercado estão valorizando ainda mais a biodiversidade das espécies nativas, o que significa que os sistemas agroflorestais deverão desempenhar um papel cada vez mais importante no processo de intensificação sustentável da agricultura brasileira nas próximas décadas.
Agricultura orgânica - sistema de produção que leva em consideração aspectos ambientais, sociais, culturais e econômicos, com foco na sustentabilidade. Nesse sistema, não são utilizados agrotóxicos, adubos químicos, antibióticos ou transgênicos. Em decorrência das mudanças de hábitos, maior informação e poder aquisitivo de segmentos de consumidores, a tendência é de crescimento desse mercado.
Plantio Direto - método conservacionista presente em amplas áreas agrícolas brasileiras. Ele promove o acúmulo de carbono no solo, melhorias biológicas no solo e redução do processo de erosão e assoreamento dos recursos hídricos. Esse sistema foi fundamental para a ampliação da área de segunda safra, também conhecida como safrinha, ao reduzir o tempo utilizado no preparo do solo.
A fixação biológica de nitrogênio (FBN) - processo que converte o nitrogênio do ar em formas que podem ser utilizadas pelas plantas. A FBN é a principal fonte de nitrogênio da agricultura brasileira e tem melhorado as propriedades do solo, resultando em maior produtividade, menor impacto ambiental e maior economia. Há uma tendência de intensificação do uso de FBN para recuperação de áreas degradadas, redução da emissão de gases de efeito estufa e diminuição de riscos de contaminação.
O manejo integrado e controle biológico de pragas e doenças - métodos de controle racional para reduzir impactos ambientais e minimizar os atuais níveis de utilização de agrotóxicos e de resíduos nos alimentos. Visa melhorar a qualidade de vida do produtor rural e do consumidor. Esse conjunto de práticas e processos inovadores terá uma relevância crescente na transição dos sistemas de produção atuais para uma agricultura mais sustentável no Brasil.
Os plantios florestais - com espécies nativas e exóticas do Brasil, contribuem anualmente com 17% de toda a madeira colhida mundialmente, em uma área equivalente a 3% da área mundial de florestas plantadas. Há uma tendência de ocupação de áreas de pastagens degradadas para o crescimento da silvicultura no Brasil nos próximos anos, o que tende a reduzir a pressão por desmatamentos de áreas nativas.
Extrativismo - uso da biodiversidade brasileira, especialmente no extrativismo vegetal. Apenas em 2016, foram registrados mais de 30 produtos extrativos não madeireiros sendo explorados comercialmente.
