EUA voltam a registrar 100 mil casos de covid-19

05/08/2021 13h00 - Atualizado em 05/08/2021 às 13h00

Os Estados Unidos registraram nas últimas 24 horas mais de 100 mil casos de covid-19, o número mais alto em quase seis meses. O aumento provocado pela variante delta preocupa as autoridades e já está pressionando o sistema hospitalar de alguns Estados.

Mais de 112,7 mil casos foram confirmados ontem em todo o país, de acordo com levantamento do site Worldometers. Esta é a cifra mais alta desde 11 de fevereiro, momento em que os EUA estavam controlando a última onda de contágios e começando a acelerar a campanha de vacinação contra o vírus.

Outras 656 pessoas morreram nos EUA ontem, segundo o Worldometers. Apesar da alta de casos, o número diário de óbitos ainda está distante do último pico no início deste ano, quando chegou a ultrapassar 4 mil em 24 horas.

A variante delta, que é duas vezes mais transmissível do que a cepa original do vírus, está se espalhando por regiões com taxas mais baixas de vacinação. No geral, mais de 70% dos adultos americanos já receberam pelo menos uma dose dos imunizantes, mas os números são muito divergentes entre os Estados. No Mississippi, por exemplo, essa taxa é de 51%, a mais baixa de todo o país. Em Vermont, por sua vez, chega a 87%, de acordo com dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Hospitais da Louisiana, do Arkansas e do Missouri estão se aproximando dos níveis de ocupação atingidos durante o inverno, na pior onda de casos de covid-19 registrada nos EUA desde o início da pandemia. Cerca de 51% da população adulta do Missouri está totalmente vacinada. No Arkansas e na Louisiana, as taxas são ainda mais baixas — 46,4% e 47,2%, respectivamente.

Um dos principais epicentros do novo surto é a Flórida, que vem quebrando recordes consecutivos de hospitalizações por covid-19. Até ontem, 12.408 pessoas estavam internadas em hospitais do Estado, o maior número desde o início da pandemia, segundo dados do Departamento de Saúde dos EUA. Quase 70% dos adultos na Flórida já receberam pelo menos uma dose das vacinas e 59,1% estão totalmente vacinados.

Mas as autoridades de todo país destacam que a delta está atingindo especialmente a parcela da população que resiste a se vacinar. O número de céticos é maior entre os republicanos e entre os apoiadores do ex-presidente Donald Trump, que também se recusam a adotar outras medidas de proteção, como o uso de máscaras.

Mary Mayhew, presidente-executiva da Associação de Hospitais da Flórida, que representa mais de 200 instalações, destacou o impacto da delta entre os não vacinados em entrevista ao “Financial Times”. Segundo ela, demorou 60 dias para os casos diários de covid-19 irem de 2 mil para 10 mil no verão do ano passado. Agora, com a variante, foram necessários apenas 30 dias para que o aumento se repetisse.

Para tentar combater o que está sendo chamado pela Casa Branca de “pandemia de não vacinados”, autoridades federais, estaduais e locais estão lançando medidas para forçar o uso de máscaras e a vacinação. Nova York, por exemplo, anunciou nesta semana que exigirá um certificado de imunização para a entrada em locais como restaurantes e academias.

Mas o governador da Flórida, Ron DeSantis, está indo na contramão deste esforço. Recentemente, ele proibiu, por exemplo, que máscaras sejam exigidas em todo o Estado e que empresas adotem novas medidas para conter o vírus. Escolas que haviam indicado que obrigariam o uso da proteção facial recuaram após o republicano ter ameaçado reter o repasse de recursos.

“[A Flórida] é um Estado livre”, disse ele ontem.

A postura de DeSantis e de outros governadores republicanos foi duramente criticada pelo presidente Joe Biden nesta semana. O democrata afirmou que eles deveriam ajudar ou “sair do caminho das pessoas que estão tentando fazer a coisa certa”.

Nem todos os republicanos compartilham da opinião do governador da Flórida. Muitos estão, inclusive, tentando incentivar que seus eleitores se vacinem. É o caso, por exemplo, do líder da minoria no Senado, Mitch McConnell, e da governadora do Alabama, Kay Ivey, que disse recentemente que era hora de começar a responsabilizar os não vacinados pela crise.

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