Uma semana passou desde o nosso último artigo e não vou dizer que a contra prova canadense chega a ser uma novidade, apenas a comprovação qual a cadeia produtiva da carne bovina brasileira tem feito suas ações de controle sanitário de maneira correta. A novidade fica mesmo pela formação de preços da arroba do boi gordo e efeitos sobre os demais elos da cadeia produtiva. Devo dizer que estou escrevendo nesta semana direto do Rio Grande do Sul, onde participo da Expodireto 2023.
O que temos visto e deve ser a tendência (até a China colocar fim ao efeito suspensivo das exportações de carne bovina brasileira, prevista em acordo assinado em 2015 e aplicado, mais uma vez pelo Brasil), de estabilidade de preços no mercado físico brasileiro e de pequenas altas, com correções, no mercado futuro nacional (B3). A média de valores praticados encerrou, a última segunda-feira, em R$ 275 a arroba no estado de São Paulo e R$ 258 em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. No mercado futuro, a posição de março/23 fechou a última segunda-feira em R$ 292,50 por arroba, recuo de 0,85%, depois de ter fechado a semana passada em R$ 295. A posição de abril manteve os R$ 299,50 por arroba.
Eu não vou reescrever meus argumentos descritos na última semana para acreditar que a volta das exportações de carne bovina do Brasil para a China deve ocorrer rapidamente. Por outro lado, faço um resumo muito direto de minha convicção estar ligada aos evidentes estoques mais baixos de carne bovina no país asiático; os mesmos não conseguirem substituir por outros fornecedores ou até proteínas; a carne bovina estar mesmo mais barata agora, do que no comparativo com os casos de “vaca louca atípica” identificados em dois estados diferentes em setembro de 2021.
Aqui no Rio Grande do Sul tive a oportunidade de perguntar, rapidamente, para o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, sobre os cenários de hoje para a carne bovina quanto ao efeito suspensivo das exportações de carne bovina e questionei até o próprio dispositivo que foi criado suspendendo embarques de todo país. O ministro respondeu que todas as providências foram tomadas, os chineses foram informados de todos os passos e as ações rápidas no ministério trazem segurança aos importadores. O ministro completou que alguns fatores do acordo entre Brasil e China podem ser revistos, em comum acordo, mas em outro momento.
Entrevistei a ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina Dias, senadora pelo Mato Grosso do Sul. Ela afirma que todas as ações do ministério foram coerentes e que o caso por ser mais simples, deve ser resolvido de forma mais rápida, por ser de interesse do Brasil e da China. A senadora explicou que o acordo entre os dois países precisa ser revisto e todas as ações do MAPA, independente de Governo, dão suporte para solicitação de revisão do acordo.
Por fim, não dá para cravar quando a China volta a comprar carne bovina brasileira. Entretanto, parece estar bem perto. No mais, a estratégia do pecuarista precisa ser mantida nas negociações e na recusa de ofertas mais baixas.