São Paulo, 25 - A suspensão das importações de carne bovina da unidade da JBS em Mozarlândia (GO) pela China não deve trazer prejuízos às vendas da companhia ao país, apontam fontes do setor ouvidas pelo <i>Broadcast Agro</i>. Na quarta-feira (23), os chineses informaram, por meio da Administração Geral de Alfândegas (Gacc, na sigla em inglês), que a interrupção das compras da unidade da JBS no município goiano entraria em vigor a partir desta quinta-feira, 24, sem sinalizar, porém, quando os negócios podem ser retomados, nem o motivo da decisão. Na avaliação do sócio-diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres, a companhia deve direcionar suas vendas para outras unidades de abate que seguem habilitadas a exportar carne ao gigante asiático. "Não é um problema. Os embarques para lá não devem diminuir. A JBS tem vantagem e consegue redistribuir (a produção entre as outras plantas da companhia)", comentou Torres, acrescentando que a unidade de Mozarlândia "conta com estrutura moderna e é representativa para a empresa". A decisão chinesa, porém, segundo a Scot Consultoria, já mostra sinais no mercado físico do boi gordo. Nesta quinta-feira, a notícia contribuiu para que as indústrias abrissem o mercado lançando preços menores para a arroba, diz a consultoria, em seu boletim diário. Em Goiás, onde a planta suspensa está localizada, a cotação do boi gordo caiu R$ 4/arroba e a da vaca gorda R$ 2/arroba ante a véspera, apurou a Scot. Desta forma, a referência para boi, vaca e novilha gordos está em R$ 310/arroba, R$ 285/arroba e R$ 305/arroba, respectivamente, nos preços brutos e a prazo. Na região sul do Estado, a cotação da vaca e da novilha gordas também caiu R$ 3/arroba, enquanto a arroba do boi gordo recuou R$ 2/arroba. Com isso, boi, vaca e novilha gordos são negociados em R$ 310/arroba, R$ 284/arroba e R$ 307/arroba, nos preços brutos e a prazo. Para o analista de mercado da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Marcelo Penha, a quantidade de gado abatido na planta temporariamente suspensa em Mozarlândia não deve diminuir. Porém, a produção tende a ser deslocada para o mercado interno como uma das medidas da companhia para compensar a ausência chinesa. "A JBS pode também redistribuir os animais para outras plantas exportadoras para conseguir despachar o produto para a China. Os abates nesta unidade não vão cair", reforça. No dia 11 de março, a China já havia anunciado a suspensão de importações desta mesma unidade da JBS até o dia 18 de março. Mas agora suspendeu as compras por tempo indeterminado. Os motivos para ambas suspensões não foram informados pelo governo chinês. A JBS foi procurada para comentar, mas ainda não se posicionou sobre o assunto.