05/08/2021 às 10h00min - Atualizada em 05/08/2021 às 10h00min

Dólar opera em queda e cai até R$ 5,11 com tom mais duro do Copom

O dólar comercial abriu a quinta-feira em queda, na esteira dos sinais mais agressivos do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) no aumento de juros para combater a alta da inflação mais persistente do que a esperada. Às 9h52, a moeda americana recuava 0,68%, para R$ 5,1488, após mínima intradiária a R$ 5,1198.

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No mercado de juros futuros, especialmente de curto prazo, as taxas operavam com viés de alta, conforme a curva a termo caminhava para precificar uma taxa Selic de 8% ao fim de 2021. Na quarta-feira, a curva de juros implicava nos preços um juro básico de cerca de 7,75% no fim do ano.

Com isso, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 subia de 6,34% no ajuste anterior para 6,405%; a do DI para janeiro de 2023 avançava de 7,88% para 8%; a do contrato para janeiro de 2025 passava de 8,78% para 8,84% e a do DI para janeiro de 2027 tinha alta de 9,10% para 9,14%.

Para a LCA Consultores, a tendência é que o dólar se enfraqueça em relação ao real de olho no exterior positivo, onde os ativos de risco exibem alta, e na política monetária “mais apertada” a ser praticada pelo BC.

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O Copom entregou alta de 1 ponto percentual da Selic na decisão de ontem, conforme o esperado, e também sinalizou outro ajuste de mesma magnitude para a próxima reunião, em setembro. Além disso, o comitê passou a considerar adequado que a taxa básica de juros fique acima do patamar neutro (nível contracionista, que freia a atividade econômica e a inflação) ao fim do ciclo de alta com o objetivo de lidar com a inflação ao consumidor persistente e, assim, conter o avanço das expectativas de inflação para 2022.

“Percebe-se um aumento do desconforto do Comitê com a evolução recente da inflação”, avalia Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Renascença e ex-chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto do BC, em relatório. “Além de mencionar que a inflação ao consumidor continua persistente, faz alusão à composição mais desfavorável, destacando a surpresa com o componente subjacente da inflação de serviços e a continuidade da pressão sobre bens industriais, gerando aumento dos núcleos (que excluem preços voláteis como alimentação e energia)”, aponta.

Goldenstein também pontua que, ao excluir a menção aos “choques temporários”, fica evidente a mudança de diagnóstico para uma maior persistência da inflação.

Em função do pior cenário de inflação e da linguagem mais contundente do Copom sobre a ancoragem das expectativas de inflação, o Credit Suisse passou a projetar Selic de 8,25% ao fim do ano. Agora, o banco prevê três elevações de 1 ponto da taxa básica nas próximas reuniões até o encerramento de 2021. “A nosso ver, os riscos para a inflação e a taxa de juros Selic seguem com tendência de alta”, diz a instituição financeira.

O comportamento dos mercados ao longo do dia também vai depender do noticiário vindo de Brasília, com os ativos mostrando-se sensíveis ao risco fiscal, que cresceu à medida que a pauta eleitoral passou a fazer parte das negociações sobre os gastos públicos em 2022. Persistem as incertezas sobre como serão encaminhadas a questão dos precatórios e o Bolsa Família, com o valor do auxílio podendo subir a R$ 400.

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